‘Mulheres que Brilham na Ciência’ apresenta a entrevista com Antonia Franco, diretora do Inpa
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) dá continuidade à série de entrevistas “Mulheres que Brilham na Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas”, com as pesquisadoras homenageadas por suas trajetórias profissionais, no campo da gestão de instituições de ensino e pesquisa durante o “Café com Elas”, atividade do Movimento Mulheres e Meninas na Ciência.
No Amazonas, o Governo do Estado instituiu em seu Plano Plurianual 2020-2023, uma linha estruturante denominada “Meninas e mulheres na ciência e no empreendedorismo científico”, como política pública, a qual a Fapeam participa, para incentivar uma maior participação feminina na liderança de projetos científicos e, assim, contribuir para a redução das desigualdades de gênero na ciência.
Nesta edição, conversamos com a gestora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Antonia Maria Ramos Franco Pereira, única mulher a ocupar a direção do Inpa desde a sua criação, em 1952.
Antonia Pereira é doutora em Biologia Celular e Molecular pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. É responsável pelo laboratório de Leishmaniose e Doença de Chagas da Coordenação de Pesquisas em Sociedade, Ambiente e Saúde do Inpa, além de realizar atividades de pesquisa, ensino de pós-graduação e extensão. Possui experiência em Parasitologia Humana com ênfase em Protozoologia de Parasitos.
Confira a entrevista!
Fapeam: Por que é necessário ter mais mulheres na ciência?
Antonia Franco: Mesmo com os avanços quanto à representatividade feminina na ciência, ainda somos uma minoria no meio científico. E o mais desalentador é ainda ser reduzida a nossa ocupação em cargos de liderança e nas áreas tecnológicas e nas exatas. Elevar o número de mulheres na ciência é essencial para a promoção da igualdade, diversidade e para promover o desenvolvimento do país.
Educação e ciência transformam uma sociedade e fortalecem o país. Precisamos cada vez mais quebrar o estereótipo de que a mulher é limitada a determinadas ações e trabalhos. Podemos escolher e fazer o que quisermos e somos capazes de equilibrar os estudos, o trabalho, a casa e a família.
Fapeam: Quais foram os principais desafios enfrentados pela senhora para atuar no campo da Ciência?
Antonia Franco: Quebrar as barreiras do preconceito e, muitas das vezes, não ser ouvida ou precisar sempre ser a melhor, a mais competente e a mais dedicada para poder ter um lugar ao sol, sempre foi um desafio. Ainda assim o preconceito não existe apenas entre homens e mulheres, mas também entre mulheres, pois a crítica voltada para mulheres que tem família e filhos, mas que, além disso, são cientistas e viajam para realizar trabalho de campo, participar de congressos, e etc também sofrem e são muitas das vezes alvo de outras mulheres.
Fapeam: Como a sociedade civil também pode contribuir para formação de futuras cientistas?
Antonia Franco: As sociedades civis, organizações e instituições, tais como, instituições de caridade, organizações não governamentais de desenvolvimento, grupos comunitários, organizações femininas, organizações religiosas, associações profissionais, sindicatos, grupos de autoajuda, movimentos sociais, associações comerciais, podem contribuir com programas que incentivem e apoiem as meninas e mulheres a estudarem, e a terem acesso à educação superior sem a evasão que tanto se observa. As responsabilidades domésticas, o trabalho infantil e a gravidez na adolescência afetam a capacidade das meninas de aprender e isso desmotiva a continuidade dos estudos.
Programas sociais que incentivem o ensino e a realização dos “sonhos” das meninas em se tornar cientistas podem ajudar. A participação da sociedade civil “adotando” meninas e acompanhando a sua evolução poderia ser uma forma de incentivo e apoio.
Fapeam: Como cientistas mulheres podem inspirar futuras pesquisadoras?
Antonia Franco: A inspiração vem quando se conhece a trajetória de cada mulher que se tornou cientista, como também as fases boas e ruins e como ela resolveu as suas “tempestades” para chegar a ser uma cientista e como evoluiu. Assim, é possível mostrar que “é possível ser mulher e ter uma carreira na ciência e também ter sua família”. Mulheres e meninas vocês podem sonhar alto e realizar os seus sonhos, sim. A ciência abre as portas do mundo e do conhecimento. Apaixone-se!
Por: Tiago Auzier – Decon/Fapeam
Fotos: Érico Xavier – Decon/Fapeam