‘Mulheres que Brilham na Ciência’ apresenta a entrevista com Elizabeth Gusmão


A série de entrevistas “Mulheres que Brilham na Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), apresenta nesta semana a entrevista com cientista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Elizabeth Gusmão Affonso. A pesquisadora apresentou o maior número de projetos contratados em Manaus pela Fapeam, nos últimos quatro anos (2019-2022).

 “Mulheres que Brilham na Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas” integra as ações do Movimento Mulheres e Meninas na Ciência e entrevista as pesquisadoras homenageadas neste ano no “Café com Elas”, evento de abertura do Movimento, realizado no dia 10 de fevereiro.

O Governo do Amazonas instituiu no Plano Plurianual 2020-2023, uma linha estruturante denominada “Meninas e mulheres na ciência e no empreendedorismo científico”, como uma política pública para incentivar uma maior participação feminina na CT&I e, assim, contribuir para redução das desigualdades de gênero na ciência.

Convidamos você para conhecer a doutora em Ecologia e Recursos Naturais, farmacêutica e especialista em Análises Clínicas, Elizabeth Gusmão. Atualmente é pesquisadora titular da Coordenação de Tecnologia e Inovação do Inpa, coordenadora e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da Universidade Nilton Lins (UniNilton Lins) em ampla associação com o Inpa. Tem experiência na área de Fisiologia, com ênfase em piscicultura, atuando principalmente nos seguintes temas: produção de peixes em sistema de bioflocos, estresse fisiológico, nutrição, fármacos para fins terapêuticos das espécies: tambaqui (Colossoma macropomum), pirarucu (Arapaima gigas) e matrinxã (Brycon amazonicus).

Dra. Elizabeth Gusmão- Fotos - Érico Xavier_-22

Acompanhe a entrevista!

Fapeam –Por que é necessário ter mais mulheres na ciência?

Elizabeth Gusmão Atualmente, somente 30% dos pesquisadores do mundo são mulheres. A capacidade intelectual, hoje, não distingue gênero e sim a capacidade em produzir ciência, tecnologia e inovações. A oportunidade deve ser para os mais produtivos na ciência e muitas estatísticas no mundo já apresentam as mulheres como as mais produtivas em várias áreas. Em geral, as mulheres são mais detalhistas, dedicadas, persistentes, pacientes e não desistem, vão até o final para resolver um problema. Isso é muito importante na pesquisa.

Fapeam – Quais foram os principais desafios enfrentados pela senhora para atuar no campo da Ciência?

Elizabeth Gusmão – Se eu for pontuar, posso dizer que, superar a invisibilidade foi o meu maior desafio e, ainda, trabalho diariamente para ser reconhecida numa área da ciência que a grande maioria é formada por homens. No entanto, esse desafio me tornou ainda mais forte, mas determinada, e o reflexo disso é o reconhecimento de meus pares, pelo trabalho, competência, determinação e, sobretudo, por agregar muito mais do que a minha vida como cientista, mas a minha missão em formar outras jovens pesquisadoras.

Fapeam – No Amazonas, o Governo do Estado instituiu no Plano Plurianual 2020-2023, uma linha estruturante denominada “Meninas e mulheres na ciência e no empreendedorismo científico” como uma política pública, a qual a Fapeam participa, para incentivar uma maior participação feminina nessas áreas. Além dessas medidas, na sua opinião, como a sociedade civil também pode contribuir para formação de futuras cientistas? 

Elizabeth Gusmão Não excluindo das mulheres as grandes oportunidades no mercado de trabalho, pois sua capacidade produtiva, muitas vezes, supera a dos homens. E, atualmente, o número de mulheres graduadas e pós-graduadas vem superando seus colegas do sexo masculino em várias áreas do conhecimento, tornando-as mais competitivas em termos intelectuais.

Fapeam – Como cientistas mulheres podem inspirar futuras pesquisadoras?

Elizabeth Gusmão A própria história da vida dessas mulheres deve servir de exemplo. Quando falo aqui, não posso deixar de citar minha vida pessoal, como mãe, dona de casDra. Elizabeth Gusmão- Fotos - Érico Xavier_-16a e mulher. A mulher, muito mais do que o homem, tem que lidar com todos esses itens no dia a dia e deve ser boa em todos eles ou pelo menos tentar. Parece loucura, mas é a realidade de uma mulher cientista que vai passar grande parte do seu tempo entre os livros, num laboratório, escrevendo, discutindo, competindo com toda a sociedade acadêmica por projetos, recursos financeiros, infraestrutura, etc. E como fica os filhos nessa história? Posso dizer que ficam muito bem, claro, reclamavam quando chegava atrasada na escola, quando perdia um encontro de mães, ou tinha que levá-los comigo ao trabalho. Mas eu posso dizer, eles entendem e isso nos uniu bastante, porque sabem que eles que fizeram parte de todo esse processo, dessa história de vida de amor e dedicação. Isso é verdade? (rsrs) Eu já perguntei aos meus filhos se eles eram traumatizados por eu ter dedicado parte da minha vida à ciência, e disseram que não, que isso fazia parte das nossas vidas e foi importante naquele momento, quando ainda estava me capacitando ou me estabilizando como profissional. Portanto, eles sempre me apoiaram, e são muito orgulhosos do que eu sou hoje. Então, deixo aqui essa mensagem para as futuras e jovens cientistas mulheres desse estado e desse país, a maternidade nos torna ainda mais fortes como mulheres e profissionais!

Por: Valdete Araújo – Decon/Fapeam
Fotos: Érico Xavier – Decon/Fapeam

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