Nova esperança contra malária
Sangue de crianças de Papua pode ser chave para vacina
Alexandre Gonçalves escreve para “O Estado de SP”:
Duas descobertas divulgadas segunda-feira (2/6) trazem esperança no combate à malária, uma das doenças parasitárias que mais se alastram no mundo.
Segundo trabalho publicado no site da Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, http://www.pnas.org), o sangue de algumas crianças da Papua-Nova Guiné, na Oceania, pode conter a chave para a criação de uma vacina contra a malária causada pelo Plasmodium vivax, protozoário responsável por cerca de 80% dos casos no Brasil.
Tais crianças desenvolveram resistência à doença. O estudo de seus anticorpos pode constituir uma boa linha de pesquisa para produzir uma vacina contra a doença.
Já estudo divulgado pela Public Library of Science Biology (PLoS, biology.plos.org) aponta uma substância capaz de interromper o ciclo vital do Plasmodium falciparum, associado às formas mais letais de malária. A proteína PKG é essencial para a reprodução do plasmódio dentro do inseto. Dessa forma, a criação de remédios que inibam a produção da PKG pelo protozoário seria uma forma eficaz de barrar a transmissão da doença pelo mosquito
Antoniana Krettli, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte, valoriza as duas pesquisas como passos importantes, mas não acredita em uma vacina a curto prazo para a malária.
“Dependeremos de remédios antimaláricos por muitos anos”, afirma. Para Ricardo Machado, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, a descoberta da proteína PKG pode levar a abordagens inovadoras no controle da doença. Mas lembra que “estamos diante de um inimigo que ‘dribla’ nosso sistema imune há mais de 4 mil anos”.