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Os produtos químicos utilizados no clareamento do papel podem estar com os dias contados, é o que indica uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA)

Campinas (SP). Uma pesquisa realizada pela aluna de mestrado da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Maria Dolores Pinheiro Fonseca, promete contribuir muito no processo de produção do papel. Esse que você utiliza para anotar as compras do mês, um telefone, ou mandar um bilhete para um amigo querido. Durante o processo de produção, ele recebe um banho de produtos químicos para que possa ficar mais branco. Esses produtos agridem a natureza e são prejudiciais ao meio ambiente. Mas isso pode estar com os dias contados.

Fonseca descobriu que o fungo amazônico, Cookeina tricholoma, sem nome popular, produz uma enzima que pode ser utilizada na fabricação de detergentes, bem como no processo de clareamento do papel e de vinhos.

Ela explicou que o interesse pelo fungo surgiu durante um curso feito no Departamento de Pós-Graduação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em 2003, na área de taxonomia, como aluna especial. Hoje, ela é mestranda do programa de Biotecnologia e Recursos Naturais da UEA.

Denominado “O efeito do meio de cultivo e temperatura no crescimento micelial do fungo amazônico (cookeina tricholoma)”, o projeto verificou que o fungo é um degradador de madeira, o que não é comum ao grupo ascomiceto, o qual pertence. Segundo ela, geralmente, os fungos que degradam madeiras pertencem ao grupo basideomycite.

Durante a pesquisa, ela explicou que foi possível determinar os locais de ocorrência, por exemplo, em florestais tropicais, como se comportam na natureza, fisiologia, qual a melhor temperatura para se desenvolverem e, agora, está estudando as enzimas produzidas pelo fungo, principalmente, as oxidativas.

“Este tipo de enzima consegue, por exemplo, extrair a liglina da madeira. A liglina funciona como um cimento no tronco da árvore dando sustentabilidade à mesma. Ou seja, ela permite que a árvore fique em pé. Além disso, a enzima consegue limpar a polpa celulósica, que é utilizada na produção do papel”, explicou.

Segundo Fonseca, geralmente a polpa celulósica é limpa com produtos químicos, muitos dos quais acabam causando mal ao meio ambiente, poluindo rios. Com a enzima, isso não ocorre. Dessa forma, não será necessário utilizar produtos químicos no processo de clareamento do papel.  “Estou colhendo os frutos da pesquisa”, destacou.

Fonseca é bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), pelo Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad) o que possibilitou a apresentação de seu trabalho durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está acontecendo na Universidade de Campinas (Unicamp).  Ela foi orientada pelo professor da UEA Ademir Castro e Silva.

Luís Mansuêto – Agência Fapeam

 

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