Óleos essenciais em cápsulas são mais eficazes no combate à malária


28/10/2010 – A transformação de óleos essenciais, como a andiroba em cápsula, prolonga em até dois meses o efeito repelente contra o mosquito Anopheles Darlingi, transmissor da malária, segundo informações do pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Wanderli Pedro Tadei,  cujo projeto foi aprovado para receber recursos da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte).

Se colocadas nos cantos das casas, aponta o pesquisador, as cápsulas são capazes de proteger durante a noite toda, diferente do óleo em si que evapora em duas horas. “É preciso educar as famílias vulneráveis ao mosquito para que saibam usar a proteção de forma adequada. São lugares distintos. Na área indígena, por exemplo, tem uma série de peculiaridades, então devemos atingir os agentes de saúde também”, enfatizou.

A Rede terá um foco amplo e atuará nos estudos dos antimaláricos, testes de avaliação e pesquisas para uma atuação eficaz no combate ao mosquito, segundo explicou Tadei.

O combate à doença, que infecta 500 milhões de pessoas por ano em todo o mundo, é o tema do 10º Curso de Vetores, Controle Biológico e Mudanças Climáticas, realizado de hoje até o dia 4 próximo, dividido em seminários, minicursos e atividades em campo. A abertura do evento ocorreu nesta quinta-feira, 28/10, no hotel Adrianópolis, com a presença de representantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) e outras instituições relacionadas.

Dados

De acordo com dados apresentados durante o início do ciiclo do mosquito, uma criança morre a cada 30 segundos vítima de malária na África. No mundo, um milhão de pessoas são vítimas fatais da doença todos os anos.

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/%C3%B3leos%20essenciais.jpgSobre os trabalhos da Rede de Biodiversidade, Tadei ressalta que o laboratório é privilegiado e agradece o apoio recebido da FAPEAM. “A rede de malária pretende focar o vetor sob diferentes aspectos, como a resistência aos inseticidas”, disse.

A ideia é evitar ao máximo a necessidade da química, com a utilização de produtos como os mosquiteiros impregnados, cortinados de rede onde se aplicam uma técnica desenvolvida para fixação do cristal do inseticida, com fibras de maior durabilidade e doses menores, mas suficientes para repelir o mosquito da malária, sem fazer mal à saúde.

O pesquisador explicou que são pelo menos três graus a menos dentro do mosquiteiro impregnado, se comparado ao comum,  pelo qual a fêmea do transmissor da malária passa com facilidade, já que é considerada mais ousada. A popularização do impregnado, onde o ar circula melhor, é parte do empenho na luta contra a doença.

Para o pesquisador, o uso da nanotecnologia (capacidade potencial de criar coisas a partir do mais pequeno, usando técnicas e ferramentas para colocar cada átomo e cada molécula no lugar desejado) também é de grande interesse dos estudiosos da malária, com o objetivo de potencializar produtos e transformá-los em repelentes de mosquitos.

O projeto do mosquiteiro impregnado já foi implantado, em parceria com diversos órgãos de saúde, no município de Rio Preto da Eva (a 80 quilômetros de Manaus), mostrando resultados eficazes e apontando o produto como uma alternativa não apenas para o controle da malária, mas de outras doenças transmitidas por mosquitos.

Sobre a Rede Bionorte

A Rede Bionorte tem o objetivo de apoiar projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científico e tecnológico do País e integrar competências para a consolidação da Rede, por meio do apoio a projetos e formação de doutores com foco na biodiversidade e biotecnologia, visando gerar conhecimentos, processos e produtos que contribuam para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

A iniciativa  conta com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), o Fundo Setorial da Amazônia (CT-Amazônia) e o Fundo Setorial de Biotecnologia (CT-Biotec), por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da  Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

 

Para mais informações:

www.cursocontrolebiologico.com.br

 Alessandra Leite – Agência Fapeam

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