Organizações cobram inclusão social nas discussões e resultados em C, T&I


Após discutir a sustentabilidade, o papel das regiões no campo da ciência, investimentos e inovação, e a produção do conhecimento como sendo os desafios do Brasil para as definições das políticas públicas de C,T&I,  a penúltima plenária  da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação abriu espaço para  debater  democratização e cidadania, abordando o tema “O papel da C&TI na redução das desigualdades sociais e inclusão social”.

A discussão abriu os trabalhos do último dia do evento e contou com as participações do diretor executivo do Instituto Ethos, Paulo Augusto Oliveira Itacarambi, da professora de sociologia da PUC-Rio e presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), Maria Alice Rezende Carvalho, do chefe do Centro de Políticas Sociais vinculado à Fundação Getúlio Vargas (CPS/FGV),  Marcelo Côrtes Neri, e do diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, que  trouxeram para o debate a participação da sociedade, a maior beneficiada dos avanços obtidos a partir do que for definido durante a conferência.

O espaço serviu para que os atores sociais representados por instituições como o movimento sindical, as organizações da sociedade civil, a associação brasileira de jornalismo científico (ABC), ente outras, apresentassem as suas preocupações e intervenções quanto à inclusão da sociedade nas discussões sobre C, T&I e, principalmente, nos resultados dos investimentos no setor.

Desafios

Um dos mais polêmicos entre os expositores foi Cândido Grzybowski, que apresentou as demandas e questionamentos quanto às questões éticas, a visão da C&T como um bem comum e o princípio da precaução na produção científica e suas aplicações. “Não temos como deixar de lado, em uma conferência como esta, os desafios para a CT&I, que devem incorporar um vigoroso movimento de mudança de mentalidades práticas”, destacou.

Grybowski destacou, ainda, que as diferentes lutas de organizações de cidadania ativa e movimentos sociais apontam para questões centrais que exigem mudanças e uma nova contribuição da comunidade envolvida na produção e aplicação científica na sociedade. “Não podemos sair daqui sem debater sobre os limites da propriedade intelectual para a sociedade e a própria produção científica e tecnológica, entendida como bem comum fundamental para construir o futuro”, destacou.

Complementando as discussões, Paulo Jorger recomendou algumas ações que devem fazer parte do documento final da conferência, que vai nortear as políticas de estado para CT&I nos próximos anos. Entre elas destacam-se:  Priorização da difusão tecnológica para empresas que ainda estão distantes das práticas tecnológicas, atenção especial para os micro e pequenos empreendedores, promovendo uma política voltada para inovação e difusão tecnológica, qualificação dos trabalhadores, para que estes contribuam de forma efetiva com o setor tecnológico, investimento numa educação técnica e tecnológica ampliando a oferta de cursos e, ainda, a negociação das inovações com as empresas.

Visão da Fapeam

/Apontando para o que já está sendo feito sobre o acesso e a democratização do conhecimento científico, o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Odenildo Sena, chama a atenção para o fato de como o Amazonas  aponta para este caminho a partir das ações executadas por meio dos programas disponibilizados pela instituição.

“Estas ações de aproximação com a sociedade se materializam por meio de iniciativas como o próprio Programa de Apoio de Divulgação da Ciência (Comunicação Científica), que possibilita o acesso da população ao que se produz no campo da ciência a partir dos recursos públicos, além de ações como o Programa Ciência na Escola (PCE), que leva a ciência a jovens que no futuro serão usuários e possíveis pesquisadores. Nós estamos no caminho, muito mais que outros Estados” finalizou.

A 4ª CNCTI se encerra nesta sexta-feira (28/05) com discussões sobre biotecnologia, mudanças climáticas em sessões temáticas e a sessão planária que discutirá o tema “O Brasil na nova geografia da ciência e inovação global”.

Um resumo das plenárias e a cobertura ao vivo da conferência podem ser encontrados no site oficial do evento

 

Ulysses Varela – Agência Fapeam

 

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