Pajé Gabriel Gentil recebe título de pesquisador honorário da Fiocruz
"Há mais de 30 anos, o pajé tukano Gabriel Gentil estuda a história de seu povo. Nesse período ele coletou narrativas, mitos, ritos de celebração e encantamentos que estavam sendo esquecidos. Ele diz que quando morriam os pajés e cantadores tukano, estava morrendo uma parte fundamental da história da nação. O material foi publicado em dois livros, o último lançado na semana passada, na Academia Amazonense de Letras.
O trabalho sobre a nação tukano foi reconhecido ontem, 1º, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quando a instituição concedeu o título de pesquisador honorário no campo do saber tradicional para o pajé. A entrega foi feita na sede da Fiocruz em Manaus pelo presidente da Fundação Paulo Buss. Segundo ele, o título é inédito no Brasil e representa não só uma premiação individual para Gentil, mas é uma conquista para o povo tukano.
foto_fapeam_35
A nação já modificou o nome cinco vezes, mudou a língua, o mito e trocou mais de 20 vezes de lugares sagrados, por isso as pesquisas do pajé são tão importantes para o resgate da tradição tukano. Ele diz que não pensava em escrever, que guardava os segredos para não ser morto pelos espíritos do velhos pajés. Segundo Gentil, a ordem de Jurupari, um dos deuses indígenas, era que quem falasse os segredos tinha que ser morto.
Quando percebeu que os velhos sábios morriam sem que os mais jovens fossem iniciados nos segredos míticos, o pajé decidiu escrever sobre o povo tukano. De acordo com a professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Valéria Weigel, na apresentação do livro