Parlamentares defendem aumento do orçamento de instituições de pesquisa do Norte


Durante visita ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), foi consenso entre os parlamentares membros das Comissões Mista Especial em “Mudanças Climáticas”, da Amazônia e do Meio Ambiente da Câmara dos Deputados sobre a importância do aumento do repasse de verbas para as instituições de ensino e pesquisa da região Norte. Hoje (18), pela manhã, em Manaus, o presidente da Comissão em Mudanças Climáticas , deputado federal Eduardo Gomes (PSDB-TO), disse que o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) está passando pelas mesmas dificuldades do INPA: falta de recurso.

Segundo Gomes, para tentar solucionar o problema do baixo orçamento é necessário quebrar paradigmas entre o setor produtivo, agrícola, comunidades tradicionais e a academia. Isso porque as mudanças climáticas afetarão a todos. Ele ressaltou que defenderá no Congresso Nacional o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo INPA e tentará convencer os congressistas sobre a relevância do aumento do orçamento em pesquisas e projetos na região amazônica.

           

“As informações produzidas sobre as mudanças climáticas pelos cientistas do Instituto podem servir para orientar todo o país e a América do Sul e é isso que iremos apresentar ao Congresso”, explicou e disse: “não adianta o governo gastar R$ 100 milhões em propaganda para dizer que o petróleo é nosso, enquanto outras áreas sofrem. Precisamos apoiar projetos em desenvolvimento sustentável para podermos viabilizar a inclusão social”, afirmou.  

           

O relator da Comissão Mista Especial em “Mudanças Climáticas”, senador Renato Casagrande (PSB-ES), disse que a comissão já elaborou o relatório parcial e um dos pontos principais levantados foi o aumento do orçamento das instituições da região Norte. Para isso, o presidente da comissão solicitará, oficialmente, ao relator do Orçamento o aumento dos recursos. “Estamos empenhados nesse processo, pois dessa forma será possível elevar o conhecimento sobre as mudanças climáticas. O Experimento de Larga Escala da Biosfera Atmosfera da Amazônia (LBA/INPA) tem contribuído muito para isso, além de desempenhar um papel importante no processo de estudos sobre a Amazônia”, destacou.

Em relação às ações para diminuir os efeitos das mudanças climáticas, Casagrande falou que há atuações isoladas nos Ministérios do Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia. Contudo, não há medidas transversais. Ele também disse que precisa do apoio dos pesquisadores do INPA para que o assunto aquecimento global não seja apenas o tema da moda no Congresso Nacional, mas que realmente haja formas de controle que possam ser copiadas para o restante do país. O senador citou como exemplo a recente Lei de Mudanças Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas e o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (Seuc).

Para a deputada federal pelo Amazonas, Rebecca Garcia (PP-AM), que também faz parte da comissão, o Estado e as pessoas que vivem aqui precisam de alguma forma ser recompensadas por terem conseguido preservar 98% da floresta amazônica, a qual tem contribuído para a manutenção do clima do planeta. Ela explicou que um dos principais desafios é manter a floresta em pé e, ao mesmo tempo, tirar recursos da mata. “O INPA tem contribuído com informações relevantes para compreender esse processo, bem como os pesquisadores do Instituto, Antônio Manzi e Flávio Luizão que nos têm repassado dados interessantes”, informou. 

Em relação ao baixo orçamento do INPA, Rebecca Garcia disse que já conversou com o Ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, sobre as dificuldades do Instituto e da possibilidade de melhoria dos recursos, que acenou positivamente. “Precisamos melhorar a tabela de cargos e salários dos servidores em ciência e tecnologia porque ninguém sai do Sul ou Sudeste do país para passar dificuldade. Precisamos pagar bons salários para os nossos pesquisadores poderem produzir informações em igualdade com os cientistas estrangeiros”, afirmou.   

 
A Amazônia não é apenas brasileira –
O diretor do INPA, Adalberto Val, durante a apresentação aos parlamentares, ressaltou que quando se fala em políticas para a região Norte tem que se pensar também nos países vizinhos, porque a Amazônia não é apenas brasileira. Ele falou que não adianta colocar uma cerca ao redor da floresta porque a mesma não solucionará os problemas enfrentados pelos moradores da região, entre: 180 povos indígenas, centenas de quilombolas e comunidades ribeirinhas.

Segundo o pesquisador, a Amazônia Legal contribui com 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, mas os nove Estados da região recebem juntos apenas 2% dos investimentos em ciência, tecnologia e educação. “Os números demonstram uma defasagem no retorno dos recursos. A saída para a região é aumentar o número de doutores, que além de contribuírem para o aumento dos investimentos também ajudarão a alavancar as pesquisas na Amazônia”, enfatizou. Adalberto Val ressaltou que o principal desafio, hoje, é fixar recursos humanos na Amazônia e a oferta de bolsas não é uma alternativa viável, pois é preciso contratar pessoal qualificado.  

Em relação à formação de recursos, ele disse que há um grande fosso nas pesquisas botânicas sobre a Amazônia, pois em toda a região existe apenas um curso de botânica em nível de mestrado e doutorado, o qual é ofertado pelo INPA. Além disso, segundo Val, para a importância da Amazônia no contexto nacional e mundial, os três institutos (INPA, MPEG e Instituto Mamirauá), os quais estão ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), têm um orçamento tímido: R$ 25 milhões. “Somente o INPA gasta 40% do recurso com segurança. Hoje, algumas linhas de pesquisas do Instituto, por exemplo, ciências da saúde, correm o risco de parar por falta de pessoal”, lamentou.

 

Luís Mansueto – Inpa

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