Pastorinhas de Parintins ganham o mundo
Bailados folclóricos com dramatizações coloridas, danças e cantos que retratam o ciclo natalino na Amazônia. Introduzido no século 16 pelos jesuítas para evangelizar os índios, as pastorinhas – movimento cultural que ainda é conservado por grupos de danças de Parintins, município do interior do Amazonas localizado a 369 km de Manaus (em linha reta) – ganharam destaque nacional e internacional por meio do artigo “Entre o popular e o massivo: como as pastorinhas de Parintins repercutem seus processos comunicacionais”.
O trabalho é da mestranda Soriany Simas Neves, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (PPGCCOM/Ufam). A pesquisa foi apresentada durante o II Colóquio Bi-Nacional Brasil–México de Ciências da Comunicação, em São Paulo, na primeira quinzena de abril, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
A temática também foi abordada no artigo “Cultura na pós-modernidade: como as culturas populares deslocam seus processos sociais e comunicacionais com a Internet”, apresentado no XI Congresso Ibercom 2009, realizado na segunda quinzena de abril, em Funchal (Portugal).
Em Portugal, a pesquisa foi defendida pela orientadora de Neves, professora Denize Piccolloto Lévy, e trata da velha controvérsia entre tradição e modernidade, que vê o folclore como subalterno e relegado à estabilidade e ao imutável, discurso que norteia o estudo sobre como se re-configuram as culturas populares em tempo de Internet na pós-modernidade.
Além de Neves e Lévy, o artigo teve como autores o professor da Ufam Sérgio Augusto Freire e Jonas da Silva Gomes Júnior, graduado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas (Cefet-AM).
Iniciada em 2008, a pesquisa constitui um estudo de caso sobre as Pastorinhas de Parintins e visa entender o funcionamento da comunicação popular e do folclore na difusão pelos meios de comunicação de massa. Para isso, toma como roteiro quatro variáveis: memória, formato, conteúdo e mediações. No caso da memória, Neves explica que será identificado o que existe na memória coletiva sobre a manifestação cultural das Pastorinhas.
“No formato são descritos como se desenvolve a manifestação cultural, sua dinâmica, seus agentes. No conteúdo serão identificadas quais as mensagens veiculadas pela festa, o seu significado em seu entorno social. Nas mediações serão avaliadas as relações e interações da manifestação cultural com a mídia, identificando quais as outras instituições que participam da sua organização (escolas, igrejas, partidos, empresas, sindicatos)”, afirma Neves.
Com sua pesquisa, a mestranda espera demonstrar como a manifestação cultural, no caso específico das Pastorinhas de Parintins, tem adequado seus processos culturais e comunicacionais às dinâmicas da sociedade e das indústrias culturais (rádios, jornais impressos, televisões, internet etc), sofrendo influência, mas também exercendo certo poder ao se utilizarem dos instrumentos da comunicação para redimensionarem seus símbolos, sua memória e suas tradições.
Luís Mansuêto – Agência Fapeam