PCE: escolas fazem ciência no interior do Amazonas
Manacapuru (AM) – Mais que usufruir dos benefícios proporcionados pela ciência e tecnologia os estudantes do ensino fundamental e médio do interior do Estado do Amazonas ganharam um forte aliado para a promoção do desenvolvimento científico e tecnológico. Trata-se do Programa Ciência na Escola (PCE), que em 2009 aprovou um total de 13 projetos de pesquisas no município de Manacapuru, localizado a 84,9 Km da cidade de Manaus, por rodovia.
Realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), com apoio das secretarias estadual e municipal de ensino (Seduc e Semed, respectivamente), os estudantes desenvolvem pesquisas relacionadas às disciplinas de biologia, ciências naturais, educação física, história, sociologia, filosofia, língua portuguesa, literatura, língua inglesa e matemática, por meio de projetos de pesquisa científica que envolvem professores e alunos do ensino fundamental, médio e educação especial de jovens e adultos.
Para verificar como estão sendo desenvolvidos os projetos aprovados nas escolas do município (Carlos Pinto, José Seffair, Agra Reis, Mário Silva D’Almeida, Nossa Senhora de Nazaré, Castelo Branco e Nossa Senhora do Rosário), o coordenador do Programa de Gestão em Ciência e Tecnologia (PGCT) do PCE, professor Aderli Simões, e uma equipe técnica formada pelos pesquisadores Arícia Lopes, Henrique Albuquerque e pelos professores Telma Prado e Antônio Lira estiveram no município na última segunda (14/9) e terça-feira (15/9).
Navegando pelo imaginário da percepção da ciência pelo público infanto-juvenil, a equipe viu e ouviu dos participantes os primeiros resultados do contato com o PCE. “Este acompanhamento faz parte de uma meta fixa, cujos meios de atingi-la seguem fórmulas e instrumentos variáveis. Assim, é possível entender como o conhecimento científico e a difusão da ciência e tecnologia está ocorrendo no contexto escolar”, afirmou Aderli.
“Precisamos qualificar o estudo de nossas crianças. O Programa Ciência na Escola (PCE) tem sua gênese consolidada nessa necessidade. Iniciativa inovadora da Fapeam, em parceria com Seduc, Semed e Sect, a ação já está em sua terceira edição, tendo sido lançada no início do mês de março de 2009”, concluiu.
Resultados
Durante a visita dos técnicos às escolas, pode-se observar que em meio a tantas dificuldades, tanto educacional quando de infraestrutura, há uma grande motivação dos professores, e mais ainda dos alunos, em aprofundar seus conhecimentos na área estudada.
A frase "Aqui tem Fapeam" exposta em um mural na entrada da Escola Estadual Castelo Branco, produzido pelos alunos do 9ª ano, que participam da pesquisa "Uma nova metodologia na formação do leitor a partir do uso de jornal", mostra a importância que o Programa tem na vida desses jovens.
“Para nós, o PCE elevou a auto-estima da escola como um todo. Passamos a perceber o quanto é importante o envolvimento em uma pesquisa e descobrir o gosto e o hábito da leitura, algo que antes não gostávamos. Isso faz melhorar o nosso rendimento escolar e social. Por exemplo, eu era muito tímida. Com as atividades do projeto, pude aprender a me comunicar melhor e a acreditar que estudando tenho condições de ter um futuro promissor”, relata a aluna Fabiana Oliveira.
A seleção dos bolsistas para participarem do Programa foi feita pelos educadores de cada escola. “Nosso método de escolha foi o perfil do aluno, notas, frequência, disponibilidade e interesse em participar”, enfatiza a professora da Escola Estadual Nossa Sra. de Nazaré, Maria Yolanda Faria.
Na Escola Estadual Mário Silva D’Almeida, a opção foi por selecionar alunos que não apresentavam um bom rendimento. “Nosso objetivo foi resgatar esse alunos ao convívio social e ao gosto pelo estudo, pois muitos estavam envolvidos com drogas, gravidez precoce e violência doméstica. Hoje podemos ver que eles estão progredindo”, relata o professor João Oliveira Filho.
Dando oportunidade àqueles alunos fora da idade escolar, a professora Joristelma Queiroz, da Escola Estadual Carlos Pinho, responsável pelo projeto "Educação ambiental: uma questão de conscientização", buscou envolver os alunos da educação especial de jovens e adultos. Uma maneira de prepará-los sobre a coleta seletiva e reciclagem do lixo.
"O meio ambiente é uma questão que sempre nos chamou atenção. Estudar o que prejudica e as causas da ação humana para o planeta é muito importante, principalmente para mim, pois como poderei dizer ao meu filho de que forma podemos ajudar a preservar a qualidade da nossa água e a vegetação do planeta?”, salienta o aluno Wilson Brito.
Avaliação
Para a professora e pesquisadora Telma Prado, depois da visita a esses 13 projetos, por meio da qual pode observar as dificuldades que cada um apresenta e as soluções encontradas para os problemas, chega-se à conclusão de que a “união faz a força”.
“Não existem fronteiras que não possam ser superadas quando se trabalha em conjunto. Não só entre os pares, mas com o apoio da comunidade. Percebi que em muitas visitas o pai, o tio, o irmão, a diretora, o marido, o vizinho, enfim, todos de certa forma ajudam a escola de alguma maneira no desenvolvimento do projeto”, relatou Telma.
“Quando se fala em ciência, é comum vincular o tema a fenômenos naturais e nunca a fenômenos sociais. Por isso, o PCE foi criado para incentivar a criação de atividades ligadas à investigação científica no ambiente escolar e estimular, nesses jovens, o gosto pela pesquisa, por procurar soluções que possam ajudá-los a aprimorar a qualidade de vida”, frisa Aderli Simões.
De acordo com o coordenador do PGCT do PCE, cada professor tem direito a orientar cinco estudantes, recebendo uma bolsa na modalidade Professor Jovem Cientista (PJC/Fapeam), no valor de R$ 461. Os alunos, como Bolsistas de Iniciação Cientifica (IC JR/Fapeam), recebem R$ 120 por mês. “Essa bolsa não deve ser vista como um salário ou pagamento por um serviço. Ela é um apoio para auxiliar nas despesas e nas atividades da pesquisa”, finaliza.
Cher Lima – Agência Fapeam,
enviada especial