PCE: projeto resgata vida do seringueiro


Despertar em estudantes do ensino médio habilidades de leitura, compreensão e produção textual por meio da leitura da obra “Banco de Canoa”. É o que pretende a professora e coordenadora do projeto, Núbia Litaiff Moriz, da Escola Estadual Centro Educacional Governador Gilberto Mestrinho, situada no município de Tefé (AM) distante 525km (em linha reta) de Manaus. Para isso, ela e os estudantes farão o levantamento dos aspectos sócio-culturais, antropológicos e geográficos do Estado Amazonas de 1963. Época retratada pela obra escrita pelo autor amazonense Álvaro Maia.

A pesquisa está sendo desenvolvida no âmbito do projeto “Viagem num banco de canoa pela literatura amazonense”. O projeto é um dos aprovados pelo Programa Ciência na Escola (PCE), edição 2009, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O trabalho tem como meta promover a valorização das raízes culturais da região por meio do estudo da obra.

 

Segundo a coordenadora, o nome do projeto está relacionado aos anseios e objetivos do mesmo. Ela afirma que viajar pelos textos literários de Álvaro Maia, nos bancos de canoa, “ao léu da correnteza, rodando suavemente nos remansos”, é apropriar-se das narrativas regionais, de historietas representativas da literatura amazonense, contadas com uma riqueza vocabular ímpar e de confidências do homem amazônico.

 

Nos textos de Álvaro Maia, conforme a professora, é possível encontrar aspectos sócio-políticos, etnográficos inerentes ao contexto amazônico, que retratam a vida, por exemplo, nos seringais, pois é um livro de crônicas seringueiras, destinadas a seringueiros e operários da selva. “Com isso, os alunos do 3º ano do ensino médio noturno terão a oportunidade de conhecer um pouco da história do município e do Amazonas”, observa.

 

Mesmo sendo estudantes do turno da noite, que têm entre 19 a 22 anos, Moriz afirma que os alunos fazem a pesquisa no horário da tarde, às quartas-feiras e aos sábados. Para o desenvolvimento das atividades eles também contam com uma bolsa da Fapeam para ajuda de custo.     

 

Além do Banco de Canoa, o grupo de pesquisa está utilizando como apoio a obra “O homem amazônico”, de autoria de Rosa Mendonça. De acordo com a professora, o grupo pretende visitar comunidades rurais utilizando as canoas como transporte, nestes locais eles farão entrevistas com os moradores. “Os bolsistas sugeriram entrevistas com os soldados da borracha de Tefé. O fato deixou-me orgulhosa, pois percebi que eles estão, gradativamente, sensibilizando-se sobre o imenso universo amazônico”, comemora.

 

O Começo

O projeto vem sendo realizado desde maio de 2009 e tem a duração de seis meses. O aporte de recursos é de R$ 4 mil. Inicialmente, foi feito o levantamento bibliográfico. Hoje, os bolsistas estão analisando os aspectos sócio-culturais, antropológicos, geográficos, entre outros, presentes nas narrativas.  

 

Resultados

A partir das informações obtidas nos contos literários lidos, será organizada uma exposição de conteúdos por meio de seminários para a comunidade escolar. Além disso, a oficina “Valorização de uma arte literária voltada para a realidade amazônica”, pretende promover a leitura, análise e produção textual de contos literários amazônicos. A data do encontro ainda será definida, mas destina-se a professores de Literatura Brasileira da própria escola, além de escolas da rede estadual e municipal de ensino.

 

Álvaro Maia

O escritor nasceu no município de Humaitá (AM), em 19 de fevereiro de 1893. Em 1934, foi eleito governador do Amazonas. Na época do Estado Novo de Getúlio Vargas, atuou como interventor, cargo que exerceu até 1945. Também atuou como Senador da República. Faleceu no dia 4 de maio de 1969. Entre suas obras estão: Beiradão: romance (Manaus, 1958); Banco de canoa: cenas de rios e seringais do Amazonas (Manaus, 1963); Defumadores e porongas: pequenas estórias – ciclo da borracha – Amazonas (Manaus, 1966).

 

Sobre o PCE

O Programa Ciência na Escola é uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), realizado em parceria com as secretarias municipal e estadual de ensino, Semed e Seduc, respectivamente.

 

 

Luis Mansuêto – Agência Fapeam

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