Pesquisa ajuda a recuperar imagens da Amazônia
Resgatar a memória da Amazônia é um trabalho que exige esforço. No século XIX, as imagens que representavam a Amazônia eram, basicamente, feitas por viajantes que se embrenhavam na mata, percorrendo os rios e igarapés da região.
Hoje, boa parte desse material composto por imagens e textos pode ser encontrada em bibliotecas, museus e acervos de órgãos públicos. Entretanto, a precariedade do armazenamento e dos dados de registros de alguns deles ameaçam a história.
Para recuperar o que foi o homem e a natureza amazônica há mais de cem anos, o professor do departamento de História e Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), James Roberto Silva, iniciou a pesquisa “Amazônia: história, iconografia e cultura material”. A pesquisa serviu também para mostrar o estado "lamentável" em que se encontram algumas instituições públicas destinadas a guardar documentos históricos.
“Na época da coleta de dados visitamos espaços como bibliotecas, centros culturais e museus. Alguns destes locais estavam interditados, ou se revelaram impróprios à pesquisa. Além dessa deficiência, detectamos que os acervos são, em geral, pobres. O quadro exigiu o nosso deslocamento em busca de novas fontes para a pesquisa”, disse.
Além disso, Silva afirmou que o trabalho repercutiu entre alunos de mestrados e potencializou pesquisas voltadas às ciências humanas, além de contribuir para esclarecer dúvidas e dissipar mal-entendidos relativos à interpretação de imagens visuais.
“Agora, vê-se abrir um novo campo de investigações adormecido pela ausência de iniciativas na área, e de perspectiva metodológica, acessível a um público, até então, carente de propostas dessa natureza”, concluiu.
Novo olhar
Silva explicou que as imagens desse período são resultados de incursões científicas, comprometidas pelo olhar cientificista e estrangeiro. “Por essa razão, o nosso trabalho é conduzido com cuidado redobrado”, afirma.
Segundo ele, a maioria da imagens examinadas são gravuras, veiculadas em revistas como a Le tour du monde vendida em fascículos e mundialmente conhecida, que acompanham os relatos dos viajantes estrangeiros.
Sistemática da pesquisa
O Grupo de Pesquisa que atua no projeto “Amazônia: história, iconografia e cultura material” começou em 2007 e conta com aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Primeiros Projetos (PPP).
De acordo com o pesquisador e coordenador do grupo, o investimento feito foi de R$ 22 mil, o que possibilitou equipar satisfatoriamente o Núcleo de Pesquisa em Política, Instituições e Práticas Sociais (POLIS), local onde os bolsistas de iniciação científica, graduandos e mestrandos desenvolvem as atividades acadêmicas.
“O levantamento e a coleta de material ganhou agilidade e qualidade com os equipamentos que conseguimos como, câmera digital, scanner e laptops. Eles permitem reproduzir os objetos de pesquisa com grande fidelidade e rapidez”, completou.
O projeto explora não só os acervos locais da UFAM, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Museu Amazônico, Museu da Imagem e do Som e o Arquivo Público do Estado, mas também de outros estados, como do Pará (no Museu Paraense Emílio Goeldi e na Biblioteca Pública Arthur Vianna), São Paulo (no Museu Paulista e Instituto de Estudos Brasileiros) e do Rio de Janeiro (na Biblioteca Nacional).
Para Silva, o programa da FAPEAM tem sido significativo para a execução dos trabalhos de pesquisa. “Com os recursos, não só foi possível captar as imagens e reproduzir textos, como também capacitar alunos nas técnicas elementares do trabalho histórico”, enfatizou.
Kelly Melo e Ulysses Varela – Agência Fapeam