Pesquisa analisa o potencial madeireiro do Amazonas

11:40 - 02/03/2012

02/03/2012 – O desperdício de madeira é considerado um gargalo no segmento, madeireiro chegando a 70% a quantidade de resíduos subutilizados por falta de conhecimento sobre o seu aproveitamento. A observação de descarte de resíduos madeireiros realizados pelas indústrias madeireiras no contexto urbano de Manaus, por pesquisadores levou ao desenvolvimento do ‘Estudo tecnológico, químico e biológico para subsídios no aproveitamento de resíduos madeireiros’.

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Para a doutora em Química e coordenadora do estudo, Maria do Paz Lima, o foco principal é a análise do potencial químico, biológico e farmacológico da serragem gerada pelo processamento da madeira em serrarias, por meio de experimentos realizados no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Segundo Lima, a destinação desses resíduos, a partir de pedaços de madeiras, pode ser viável no contexto da tecnologia social, como por exemplo, na fabricação de pequenos objetos de madeira.

O estudo tem por objetivo identificar substâncias moleculares desses resíduos a fim de conhecer as propriedades biológicas e farmacológicas. Para a pesquisadora, esse é o momento de pesquisar o metabolismo secundário de moléculas menores que podem ter propriedades farmacológicas importantes.

“Em algumas espécies da Amazônia essas propriedades ainda não foram estudadas. Considerando essa particularidade o grande interesse da pesquisa está concentrado nas macro moléculas como as ligmínias e celuloses, que vão gerar informações importantes para o aproveitamento desses resíduos”, destacou Lima.

A pesquisa está sendo desenvolvida por meio do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), uma iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Estado do Amazonas (FAPEAM) com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Impacto ambiental

Para a pesquisadora, o aproveitamento das sobras de madeira, se bem explorado, vai amenizar o impacto ambiental, especialmente na Amazônia, onde esse material hoje é subutilizado.

Lima aponta que a produção de pequenos objetos a partir de resíduos (sobras de madeira) é uma forma socioeconômica de agregar valor a esses rejeitos, além de amenizar o desperdício e descarte em locais inadequados. Por outro lado, apesar da ocorrência de muitas espécies madeireiras certificadas no Amazonas existem poucos ou nenhum estudo químico/biológico sobre os seus metabólitos secundários.

A pesquisa veio para atender a uma demanda da cadeia produtiva, para isso o projeto apresenta uma equipe multidisciplinar de pesquisadores vinculada a Instituições de Ensino e Pesquisa, dentre as quais, destaca-se a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que vem realizando análises de ressonância magnética nuclear e análises para a caracterização molecular das substancias, avaliando o potencial biológico e farmacológico.

Os participantes do Laboratório de Tecnologia da Madeira do Inpa, coordenados pela doutora Claudete Catanhede, fornecem suporte aos aspectos tecnológicos dos resíduos madeireiros. Os estudos fitoquímicos para a identificação de princípios ativos são efetuados na Coordenação de Tecnologia de Inovação do Inpa.

Resultados

Dentre os resultados apresentados durante os dois anos de vigência do estudo, a pesquisadora cita o trabalho do mestrando Mauro Galúcio Garcia que avaliou os resíduos de Cumaru (Dipteryx odorata, Fabaceae), e identificou, por Ressonância Magnética Nucelar, substâncias pertencentes à classe do flavonoides, cujo potencial químico apresenta propriedades antioxidantes e antitumorais.

Segundo a pesquisadora, estão participando da equipe doutores e mestres do Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e alunos de Iniciação Científica do Programa Paic/FAPEAM e CNPq.

Sobre o Programa

O Programa de Apoio a Núcleos de Excelência em Ciência e Tecnologia (Pronex), desenvolvido em parceria com o CNPq, consiste em apoiar, com recursos financeiros, grupos de alta competência que tenham liderança e papel nucleador no setor de atuação em ciência e tecnologia no Amazonas.

Foto 1 – Estudo prevê análise química da serragem (Foto:Lima & Nascimento)

Foto 2 – Resto de madeira podem se reaproveitados em pequenos objetos (Foto:Lima & Nascimento)

Sebastião Alves – Agência FAPEAM

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