Pesquisa analisa potencial farmacológico do gengibre amargo para tratamento de doenças renais e cardiovasculares
O estudo está em andamento e sendo realizado pela Universidade Federal do Amazonas com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Um estudo desenvolvido com apoio do governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) está avaliando a atividade farmacológica do óleo essencial e extrato hidroalcoólico dos rizomas (um tipo de caule rico em nutrientes) do gengibre amargo (Zingiber zerumbet) sobre o sistema cardiovascular e renal em ratos normotensos e hipertensos.
A pesquisa está sendo realizada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). De acordo com o pesquisador do estudo que também é coordenador do laboratório de Farmacolgia Experimental da Ufam, José Wilson do Nascimento Corrêa, o projeto de pesquisa é uma proposta inovadora que pretende buscar substâncias farmacologicamente ativas presentes no gengibre amargo que sejam capazes de reduzir a pressão arterial e diminuir o risco cardiovascular, inibindo o aparecimento de condições clínicas mais graves como o infarto, acidente vascular encefálico e a insuficiência renal, que pode levar à perda dos rins.
“Estamos investigando a atividade do óleo essencial do gengibre amargo como um recurso potencial para o tratamento de doenças cardiovasculares como a hipertensão arterial, mas resultados do laboratório de Farmacologia e Química de Produtos Naturais Inpa, coordenado pelo doutor Carlos Cleomir de Souza Pinheiro, têm colaborado muito com nosso estudo. Eles apontam para diversas aplicações além das que neste projeto estamos explorando, como o caso da atividade anticancerígena, anti-inflamatória, antimicrobiana entre outras”, disse o pesquisador.

O estudo é uma proposta inovadora que pretende buscar substâncias farmacologicamente ativas presentes no gengibre amargo que sejam capazes de reduzir a pressão arterial e diminuir o risco cardiovascular.
Doutor em Farmacologia pela Universidade de São Paulo (USP), Corrêa explicou que a planta presente na Amazônia, vem sendo usada sistematicamente em diversos modelos de condições patológicas, mas sem clareza sobre o seu potencial sobre o sistema cardiovascular e renal.
“Adicionalmente, ainda não conhecemos completamente os mecanismos pelos quais as plantas desta família produzem efeitos redutores de pressão arterial, especialmente em modelos de hipertensão arterial (pressão alta) como os que pretendemos utilizar neste projeto. A manutenção da pressão arterial em níveis normais é fundamental para prevenir o surgimento de complicações”, informou o pesquisador.
Cooperação
Para isso, a equipe que faz parte do projeto de pesquisa tem percorrido algumas Unidades Básicas de Saúde de diferentes zonas de Manaus por meio de um projeto apoiado pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e vinculado a um programa de extensão junto à Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT) da Ufam.
Com isso, segundo o pesquisador, já foi possível observar que parte dos pacientes em tratamento não conseguem controlar a pressão, apesar de utilizarem vários medicamentos.
“Grande parte desse problema pode ser justificado pela baixa adesão do paciente ao tratamento. Entretanto, não podemos excluir a possibilidade de casos de hipertensão arterial resistente aos tratamentos atuais empregados. Nesse sentido, nosso projeto busca investigar se o tratamento com o gengibre amargo seria benéfico no controle da pressão arterial e na prevenção das complicações sobre os órgãos vitais ao funcionamento do organismo”, disse o pesquisador.
Atualmente, a pesquisa está concluindo as etapas de caracterização fitoquímica e aguardando a chegada de parte dos equipamentos que foram importados dos Estados Unidos e serão utilizados nos estudos em animais.
“Todos os protocolos a serem executados neste projeto utilizando animais de laboratório estão de acordo com as recomendações da legislação Federal pertinente e foram aprovados pelo Comitê de Ética para o Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal do Amazonas (Protocolo CEUA 001/2015). Precisaremos contar com apoio dos órgãos para o fornecimento e manutenção dos animais”, disse.
O projeto de pesquisa conta com apoio da Fapeam por meio do Programa de Apoio à Pesquisa Universal Amazonas. Para Corrêa o apoio da instituição é essencial para realização da pesquisa.
“O papel da Fapeam vai muito além do favorecimento à aquisição de materiais de consumo, capital e fornecimento de bolsas. Ele é investimento fundamental para que a ciência aqui produzida aumente de forma quantitativa e qualitativa, além de apoio à consolidação dos mais variados grupos de pesquisa que tem por objetivo o desenvolvimento do Amazonas e dos recursos humanos que aqui se formam”, disse o pesquisador.
Esterffany Martins / Agência Fapeam