Pesquisa aponta que 97% dos casos de leishmaniose em Tefé-AM foram diagnosticados em homens

A estudante teve apoio do Pape da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Foto: Daniel Jordano
São Carlos (SP)- Uma pesquisa feita pela aluna de ciências biológicas da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Andreia da Rocha, revela que de 2007 a 2013 a cidade de Tefé, no Amazonas, registrou 340 casos de leishmanioses, doença que atinge a pele e é transmitida por flebotomíneos, inseto pequeno, de cor amarelada, conhecido em algumas regiões do Brasil como mosquito palha.
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A graduanda apresentou os dados no salão de exposição de trabalhos científicos da 67 ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A estudante viajou pelo Programa de Apoio à Participação em Eventos Científicos e Tecnológicos (Pape) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
De acordo com o estudo, 97% dos casos da doença são registrados em homens economicamente ativos na faixa estaria de 25 a 34 anos. Andreia explica que há dois padrões de contágio. “Um é em relação à extração de petróleo e gás onde os trabalhadores não usam toda vestimenta fornecida pela empresa. O outro ponto de contato das pessoas com o vetor da doença se dá nas áreas próximas a florestas, ou seja, as pessoas que adentram à floresta não seguem a recomendação de não dormir próximos aos rios e não usam repelente”, disse.
O estudo deverá ser usado para a formação de políticas públicas na prevenção da doença. Pelos dados obtidos a maior incidência se dá na área rural correspondendo a 68% dos casos contra 32% na zona urbana, o que relaciona o maior índice de contágio aos trabalhadores rurais que executam serviço braçal.
De acordo com a estudante, ainda é comum a população não procurar o tratamento adequado. “As pessoas em Tefé tem o costume de não procurar atendimento nas unidades de saúde e fazem uso de remédios com plantas medicinais, isso agrava o problema”, ressalta.
A doença
As leishmanioses são um conjunto de doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania e da família Trypanosomatidae. Há a leishmaniose tegumentar americana, que ataca a pele e as mucosas, e leishmaniose visceral (ou calazar), que ataca órgãos internos.
A transmissão ocorre quanto uma fêmea infectada do mosquito transmissor passa o protozoário a uma vítima sem a infecção, enquanto se alimenta de seu sangue. Além do homem vários mamíferos silvestres (como a preguiça, roedores, canídeos) e domésticos (cão, cavalo etc) também podem contrair a doença.
Sintomas
As leishmanioses tegumentares causam lesões na pele, mais comumente ulcerações e, em casos mais graves (leishmaniose mucosa), atacam as mucosas do nariz e da boca.
Já a leishmaniose visceral afeta os órgãos internos, principalmente o fígado, baço, gânglios linfáticos e medula óssea, podendo levar à morte quando não tratada. Os sintomas incluem febre, emagrecimento, anemia, aumento do fígado e do baço, hemorragias e imunodeficiência. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), doenças causadas por bactérias (principalmente pneumonias) ou manifestações hemorrágicas são as causas mais frequentes de morte nos casos de leishmaniose visceral, principalmente em crianças.
Daniel Jordano – Agência FAPEAM