Pesquisa aponta reabilitação de área degradada na BR-174
Um estudo desenvolvido pela pesquisadora Lucinéia da Silva Sousa com o objetivo de contribuir para a reabilitação de área degrada por exploração de agregados para construção civil no Amazonas está sendo avaliada pelas autoridades ambientais do Estado. A pesquisa foi realizada no ano passado, como requisito para conclusão do curso de especialização da Escola de Minas de Ales, na França, onde Lucinéia estudou, sob a orientação do professor Charles Parmentier, e com bolsa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
O estudo durou um ano, durante o qual a pesquisadora analisou o trabalho desenvolvido por uma pedreira no ramal Mete Marcha, no quilômetro 15 da rodovia BR-174, que liga Manaus a Boa Vista (RR), com a participação da comunidade nesse trabalho. A constatação foi de que o trabalho de exploração degradou uma área de aproximadamente dois hectares de floresta (20 mil metros quadrados).
Como sugestão, a pesquisadora apresentou um projeto de reabilitação que permite a valorização da área da pedreira e ao mesmo tempo criar um desenvolvimento sustentável no local. O trabalho inclui a construção de um parque para visitação e realização de eventos, um viveiro de peixes, um viveiro florestal para a produção de mudas de espécies florestais para a recomposição da flora, um orquidário para produção e abastecimento do comércio local e externo. “Eu tentei dar solução para cada pedacinho de área degradada que encontrei”, afirmou Lucinéia.
O viveiro de peixes seria construído no local da pedreira. Nas duas bacias de decantação, escavadas no solo para a limpeza da água que sai da pedreira, a pesquisadora propõe a criação de um anfiteatro, do viveiro florestal e do orquidário. “A idéia do orquidário surgiu porque nas visitas ao local percebi que nas proximidades há ocorrência de orquídeas nativas”, disse Lucinéia. Antes de propor o orquidário, ela fez um levantamento junto às floriculturas de Manaus sobre a viabilidade econômica. Descobriu que toda a orquídea consumida na cidade e exportada para o sudeste do país é produzida por uma única empresa. “Há viabilidade econômica e a atividade pode beneficiar as famílias do entorno da pedreira”.
De acordo com Lucinéia, a empresa que explora o mineral é obrigada a fazer a reabilitação da área, após o encerramento da atividade, mas poucas cumprem essa norma legal, porque trabalham na clandestinidade. “Essa empresa analisada tem licença ambiental e os órgãos competentes podem exigir a contrapartida dela”, disse, preferindo não revelar o nome da empresa.
O resultado da pesquisa foi encaminhado ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), ao Departamento Nacional de Produção Mineral no Amazonas (DNPM) e à Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), responsáveis por cobrar a reabilitação da área degradada. O documento explica, passo a passo, como devem ser executadas as propostas e demonstra a viabilidade técnica do negócio. “O parque poderia servir não somente para visitação pública e o lazer, mas também para o atendimento do mercado local e externo. Inclusive, há sugestão de construção de piscinas nas bacias de decantação. É um investimento que vai gerar retorno ao proprietário do terreno”, disse Lucinéia.
A empresa tinha permissão para explorar até dezembro de 2006 a área da pedreira, mas poderia renovar o contrato de concessão. Por mês eram retirados aproximadamente 500 metros cúbicos de material entre areia e pedra. Na região pesquisada, segundo Lucinéia, existem, pelo menos, outras seis pedreiras de onde são retiradas pedra e areia. O material abastece as lojas de material de construção de Manaus e dos municípios vizinhos.
Valmir Lima – Decon/Fapeam
Foto: Agriaverde