Pesquisa aponta saída viável para produção de carvão ativado


 

17/03/2011 – Resíduos de castanha, açaí e cupuaçu podem virar combustível. Isso foi comprovado a partir do resultado da pesquisa ‘Produção de carvão ativado a partir de produtos residuais de espécies nativas da Região Amazônica’, realizada pelo pesquisador do Inpa Orlando Ferreira Cruz Junior.

 

Mestre em Engenharia Mecânica e de Materiais, Junior afirma que esses resíduos não têm destinação correta. Ele explica que é comum, depois que estas frutas são consumidas pela população, as sobras, como as cascas e caroços, serem desprezados, amontoados em locais inadequados como sarjetas e calçadas em feiras da cidade. “O grande problema é a destinação correta destes resíduos, pois até então não há uma política pública para utilização ou  comercialização destes resíduos”, disse.

 

A pesquisa já concluída foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Amazonas/RH Interinstitucional, e realizada na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFP) em convênio com o Instituto Federal do Amazonas (Ifam).

 

O trabalho teve como objetivo produzir carvão ativado a partir de produtos residuais de espécies nativas da região amazônica, sendo essas espécies o ouriço da castanha, o caroço de açaí e a casca do cupuaçu.

 

Carvão tradicional e carvão ativado residual /

 

O carvão dito tradicional é uma substância de cor negra obtida pela carbonização da madeira ou lenha. É muito utilizado como combustível para aquecedores, lareiras, churrasqueiras e fogões a lenha, não sendo apropriado para o tratamento de efluentes industrias, como materiais pesados.

 

Segundo o pesquisador, a diferença é que o carvão ativado tem uma forma de carbono puro de grande porosidade, contém microporos que absorvem moléculas sem modificar a composição química do produto tratado, ou seja , o produto tem a capacidade de coletar, seletivamente, gases, líquidos ou impurezas no interior de seus poros, apresentando excelente poder de clarificação, desodorização e purificação de líquidos ou gases.

 

“Esse tipo de carvão é obtido da queima controlada com baixo teor de oxigênio a partir de certas espécies de madeiras ou resíduos de biomassa a uma temperatura que varia de  800°C a 1000°C com o cuidado de evitar que ocorra a queima total do material”, completou.

 

Valor agregado e contribuição

 

/A partir da pesquisa buscou-se agregar valor aos resíduos de frutos amazônicos produzindo um carvão ativado para o tratamento de efluentes industriais e orgânicos. Por conta disso, o estudo contribuiu para a formação de uma linha de pesquisa em materiais absorventes (exemplo do carvão ativado) no Amazonas, já que a região possui muita matéria-prima para esse fim.

 

Outro benefício, obtido a partir da dissertação concluída, aponta que as comunidades ribeirinhas podem ser beneficiadas economicamente a partir da produção de carvão ativado, executando uma atividade sustentável sem a necessidade de derrubada desproporcional de árvores nativas.

  

“A FAPEAM tem ajudado muito os pesquisadores da região com programas de bolsas para pesquisas, por conta disso avalio de forma positiva o apoio que a Fundação oferece aos pesquisadores e estudantes do Amazonas que têm a oportunidade de realizar pesquisas em universidades fora do Amazonas”, finalizou Orlando Junior.

 

Sobre o RH-Interinstitucional

 

O Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Amazonas – RH Interinstitucional consiste em apoiar, com bolsa de curta duração, alunos de mestrado e doutorado formalmente matriculados em curso de pós-graduação fora de sede ofertados em Manaus e credenciados pela Capes, para desenvolvimento de atividades acadêmicas na instituição parceira.

 

 

Redação: Sebastião Alves

Edição: Ulysses Varela – Agência FAPEAM

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