Pesquisa aprofunda conhecimentos sobre insetos aquáticos
01/04/2011 – Uma pesquisa desenvolvida no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), pela doutora em Entomologia pela Clemson University (EUA), Neusa Hamada, está buscando associar larvas de insetos aquáticos com suas respectivas formas adultas, utilizando marcadores moleculares visando aumentar a capacidade de reconhecimento da espécie ainda no estágio imaturo.
O projeto ‘Ferramentas moleculares aplicadas na taxonomia de insetos aquáticos: associação entre larvas e adultos’, financiado pelo Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (Pipt), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) também visa incrementar o conhecimento sobre a biodiversidade nos ecossistemas aquáticos da Região Amazônica.
Segundo a pesquisadora, os insetos se desenvolvem no estágio imaturo. “Geralmente, são os estágios imaturos, quando estão na fase de ovos, larvas, ninfas, pupas que se desenvolvem no ambiente aquático. Já adultos estes insetos criam hábitos terrestres. Esse fato torna difícil a identificação dos organismos coletados na água, uma vez que a taxonomia do grupo é baseada em adultos, principalmente machos”, explicou.
A dificuldade em identificar larvas de insetos aquáticos na Amazônia Central é o exemplo de tese de doutorado realizada no grupo de pesquisa de Hamada. “Nosso grupo registrou a presença de 53 morfótipos de larvas de Trichoptera, entretanto, apenas três larvas foram associadas aos adultos, permitindo a identificação específica”, frisou.
As dificuldades nas pesquisas referentes aos insetos estão relacionadas à determinação de enzimas específicas para as espécies da nossa área de estudo e, na padronização das técnicas utilizadas. De acordo com a pesquisadora, será necessário sequenciar algumas espécies das diferentes famílias encontradas na nossa região para poder realizar a tarefa com maior rapidez.
Outra dificuldade é a ausência de assistência técnica para o conserto e manutenção dos equipamentos utilizados nas análises moleculares, que é agravada pela distância dos grandes centros urbanos da região sudeste.
Os resultados da pesquisa representam os primeiros passos na produção de conhecimento nesta área. “Os resultados foram promissores. Dessa forma, vamos continuar os estudos, aprimorando as técnicas e abrangendo outros grupos taxonômicos de insetos aquáticos para realizarmos o maior número de associações entre imaturos e adultos possível”.
O que é um inseto aquático?
Uma espécie de inseto é considerada aquática quando pelo menos um de seus estágios de vida se desenvolve neste ambiente e, para isso, o inseto apresenta adaptações morfológicas, comportamentais e/ou fisiológicas que permitem sua sobrevivência nesse ambiente.
O conhecimento sobre a biodiversidade e os efeitos dos impactos provocados pelo homem permitem a descoberta de insetos que podem ser utilizados como indicadores de qualidade da água, ou mesmo espécies sentinelas, que podem auxiliar o monitoramento da qualidade do ambiente em que vivemos.
FAPEAM é a grande parceira das pesquisas
Hamada, assim como outros pesquisadores do Amazonas reconhece a importância da Fundação de Amparo para o desenvolvimento das pesquisas no Estado. “A FAPEAM mudou o cenário da pesquisa na Amazônia, servindo de exemplo para outras fundações de amparo à pesquisa no Brasil”, disse.
Sobre o Pipt
É um programa da FAPEAM que consiste em apoiar, com auxílio-pesquisa e bolsas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas sem fins lucrativos interessados em realizar pesquisas científicas e tecnológicas no Amazonas.
(Foto 2: N. Hamada)
Redação: Anamaria Leventi
Edição: Fábio Guimarães – Agência FAPEAM