Pesquisa do INPA sobre nutrição é indicada a prêmio da FAO


A Amazônia possui a maior sócio-biodiversidade do planeta, o que deveria garantir um excelente padrão de saúde, nutrição e qualidade de vida a seus habitantes. Porém, sua imensa extensão territorial e baixa densidade demográfica dificultam seu acesso e produzem distorções nas pesquisas oficiais, as quais foram realizadas nas últimas três décadas no país e excluíram a área rural da região Norte. A fim de corrigí-las e conhecer o potencial nutricional oferecido pelos frutos da Amazônia, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Fernando Alencar, realizou o estudo "Determinantes e Conseqüências da Insegurança Alimentar no Amazonas/Brasil: A Influência dos Ecossistemas". O projeto foi realizado por meio da Coordenação de Pesquisas em Ciências da Saúde (CPCS). A equipe foi formada pelos pesquisadores: Lucia Yuyama, Maria de Jesus Varejão e Helyde Marinho.  

O estudo é um dos quinze indicados a "Iniciativa para erradicar a fome na América Latina e no Caribe", a qual é realizada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O resultado será apresentado na próxima terça-feira (16), em Santiago do Chile, onde os cinco primeiros colocados receberão medalhas e prêmios e os demais terão seus trabalhos divulgados em livro da FAO, com lançamento previsto para fevereiro de 2008.

Durante a pesquisa, foi observada a expressiva diversidade de peixes e frutos na região, que representam abundante oferta de proteínas, calorias, vitaminas e minerais, os quais contrastam com a realidade social, a economia e a precariedade da saúde. O estudo foi ao encontro destas dificuldades e avaliou o estado nutricional de 4.030 pré-escolares, de 0 a 59 meses, pelos critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS).   Para a investigação foram analisados os componentes do bioma amazônico: complexidade de interação química, fragilidade do solo, modo de distribuição espacial, utilização dos nutrientes dentro dos ecossistemas, influência destes constituintes na cadeia de produção alimentar e padrão nutricional dos habitantes.

Os pesquisadores avaliaram cinco áreas da região, sendo elas: rio Negro (São Gabriel da Cachoeira, Barcelos e Novo Airão), rio Solimões (Bejamin Constant e Alvarães), rio Purus (Beruri), rio Amazonas (Nhamundá, Itapiranga e Uricurituba) e rio Madeira. Na capital a pesquisa foi realizada na zona Norte, na Casa da Criança e no Instituto de Saúde da Criança do Amazonas (Icam).

No universo estudado foram identificados 16,9 % de déficit de crescimento, os quais acometeram 23,4% das crianças, na área rural, e 10,4%, na capital. A maior precariedade nutricional foi identificada na área rural, principalmente nas crianças do rio Negro (35,2%), enquanto aquelas que residem na várzea ou ecossistemas, que recebam influência dos rios de águas barrentas, tais como: Solimões (23,4%), Purus (20,9%), Amazonas (20,5%) e Madeira (15,6%), apresentaram melhor padrão nutricional. "Estes resultados evidenciam a heterogeneidade da Amazônia, a complexidade inerente aos seus ecossistemas, o que deve ser considerado na implantação de programas de segurança alimentar ou políticas de desenvolvimento sustentável na região", concluiu o pesquisador.

 

Ascom do Inpa

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