Pesquisa em Coari revela que HPV prevalece entre as DSTs


15/05/2013 – Uma pesquisa realizada no município de Coari (distante 363 quilômetros da capital), com 361 mulheres para identificação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) demonstrou que cerca de 1/3 (105 mulheres) das pacientes apresentava resultado positivo para o Papilomavírus humano (HPV). A doença infecta o trato genital e é capaz de causar lesões tanto benignas quanto malignas, e tem influenciado o desenvolvimento de casos de câncer de colo do útero.

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Denominado "Epidemiologia Molecular de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) em Mulheres Atendidas no Município de Coari", o projeto teve início em 2010 e foi concluído no fim de 2012 por meio do Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS), do Ministério da Saúde (MS), em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

Coordenado pela professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Danielle Albuquerque, a pesquisa consistiu em fazer coletas, entrevistas e análises de amostras de material biológico de mulheres atendidas em postos de saúde de Coari. As amostras foram analisadas no Laboratório de Diagnóstico Molecular do Instituto de Ciências Biológicas da Ufam, campus Manaus.  O estudo também contou com a participação dos consultores e professores Sparto Astolfi Filho e Cristina Maria Borborema, além do bolsista apoio técnico Roberto Alexandre Alves Barbosa Filho.

Mestre em Diversidade Biológica pela Ufam, Barbosa disse que o HPV foi o mais expressivo entre as DSTs analisadas, tendo 105 pacientes positivos. Ele ressaltou que as informações são preocupantes e necessitam de atenção. "Entre as 105 amostras positivas para HPV, 40% foi de HPV 16, considerado o mais relacionado ao câncer do colo do útero. Durante as entrevistas, 11 mulheres também relataram quadro de infecção causado pelo Trichomonas vaginalis", informou.

Um ponto levantado pelo pesquisador está relacionado aos testes convencionais. Ele disse que havia uma grande prevalência, por exemplo, de HPV e Hepatite B de forma assintomática (não apresentavam os sintomas da doença), os quais não eram percebidos pelos métodos clínicos convencionais. "Por isso, foi utilizada a biologia molecular para o diagnóstico", explicou Barbosa.

Risco de transmissão

Conforme Barbosa, há um risco grande da transmissão de DST entre parceiros fixos. Sabia-se da prevalência de DST em mulheres casadas, com parceiros fixos, principalmente, de HPV. "As informações serão repassadas aos gestores de saúde pública no sentido de apresentar alternativa para o diagnóstico da doença", pontuou.

Em relação aos critérios de inclusão na pesquisa, as mulheres tinham que ser maiores de 18 anos, com vida sexual ativa. Além disso, elas assinaram um termo de consentimento. Foram excluídas mulheres que já passaram por histerectomia (retirada do útero) e passado por tratamento de DST nos últimos 12 meses.

Dados epidemiológicos

Na região Norte há poucos dados epidemiológicos sobre DSTs, em se tratando de Coari a situação é mais grave, conforme Barbosa. Ele disse que no município podem ser observados padrões de comportamento diversificados, por exemplo, multiplicidade de parceiros sexuais, mulheres iniciando a idade sexual mais cedo.

Dados apresentados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam um alto índice de câncer uterino no Amazonas. A estatística chega a ultrapassar o câncer de mama, muito comum em mulheres no restante do País e no mundo. O HPV é um vírus da família Papilomaviridae. Há mais de 200 tipos diferentes. Eles são classificados de baixo e de alto risco para a prevalência de câncer. Somente os de alto risco estão relacionados a tumores malignos.

Sobre o PPSUS

O Programa de Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde (PPSUS) desenvolvido em parceria com o Ministério da Saúde e CNPq, apoia, com recursos financeiros, projetos de pesquisa que visem à promoção do desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação na área de saúde no Amazonas.

Luís Mansueto – Agência FAPEAM

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