Pesquisa identifica perfil epidemiológico de infecções oportunistas


04/04/2013 – A radioterapia é uma das terapias mais empregadas em pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Entretanto, a terapia interfere na qualidade de vida dos pacientes devido aos efeitos colaterais indesejáveis, como infecções oportunistas na boca.

Buscando identificar o perfil epidemiológico dessas infecções, o estudante de odontologia do Centro Universitário do Norte (Uninorte), Victor Bernardes Barroso da Costa, está desenvolvendo um estudo com pacientes em tratamento radioterápico na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) para verificar quais medidas podem ser adotadas para minimizar o surgimento das infecções.

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"Nosso objetivo é identificar o perfil epidemiológico das infecções para buscar alternativas ao tratamento oncológico ou medidas mais eficazes de combate às infecções", disse o pesquisador.

A pesquisa é intitulada ‘Estudo epidemiológico de infecções oportunistas na cavidade bucal de pacientes em tratamento radioterápico na região de cabeça e pescoço na Fcecon-AM’ e está sendo desenvolvida desde 2010, com financiamento do Governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic).

Oportunismo

Costa informou que o paciente com diagnóstico de câncer deve ser submetido ao exame da cavidade oral e ao tratamento odontológico antes de iniciar o tratamento oncológico.

Segundo o pesquisador, entre os efeitos colaterais mais comuns que aparecem na boca em virtude do tratamento oncológico são: a mucosite oral, xerostomia (boca seca), alteração do paladar, aumento da incidência de cárie, além das infecções oportunistas.

style=width:De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), as infecções oportunistas são causadas por microorganismos que pertencem à microflora normal do indivíduo e que se manifestam quando há uma queda na resistência ou baixa imunológica.

"Estamos na fase de coleta de dados, mas já podemos afirmar que cerca de 15% dos pacientes que fazem o tratamento exclusivo com radioterapia desenvolvem algum tipo de infecção. Nós concluímos, parcialmente, que a lesão mais comum é a causada pela candidíase", disse Costa.

Clique aqui e saiba mais sobre as infecções oportunistas.

Clique aqui e saiba mais sobre a candidíase.

Costa informou que em um período de oito meses já realizou a pesquisa com 21 pacientes com média de idade de 60 anos. Ele esclareceu que o estudo iniciou em 2010, com a participação de 15 pacientes, e que as pesquisas continuarão até o final do primeiro semestre deste ano.

"Quando elaboramos o projeto, calculamos um total de 29 participantes, mas  o estudo é voltado apenas para pacientes submetidos à radioterapia e tivemos dificuldade em encontrar pacientes que não eram submetidos a terapias associadas, como a quimioterapia", esclareceu o pesquisador.

O pesquisador disse que está na fase final de coleta e organização dos dados. "Os pacientes têm uma média de idade de 50 a 60 anos e não têm fatores de risco ou outras doenças sistêmicas que fossem determinantes para mudanças no tratamento ou para o resultado final da pesquisa", disse.

Na apresentação dos resultados finais do estudo, o pesquisador adiantou que irá sugerir medidas preventivas para evitar que os pacientes sejam acometidos por infecções oportunistas.

Clique aqui e conheça o pesquisador Victor Bernardes Barroso da Costa.

O que é a radioterapia?

De acordo com o Inca, a radioterapia é um método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe de radiações ionizantes. Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada, em um determinado tempo, a um volume de tecido que engloba o tumor, buscando erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às células normais que farão a regeneração da área irradiada.

As radiações ionizantes são eletromagnéticas e carregam energia. Ao interagirem com os tecidos, dão origem a elétrons rápidos que ionizam o meio e criam efeitos químicos como a hidrólise da água e a ruptura das cadeias de ADN.

A morte celular pode ocorrer, então, por variados mecanismos, desde a inativação de sistemas vitais para a célula até sua incapacidade de reprodução.

A resposta dos tecidos às radiações depende de diversos fatores, tais como a sensibilidade do tumor à radiação, sua localização e oxigenação, assim como a qualidade e a quantidade da radiação e o tempo total em que ela é administrada.

Clique aqui e saiba mais sobre a radioterapia.

Sobre o Paic

O Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic) apoia, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.

Camila Carvalho – Agência FAPEAM

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