Pesquisa mostra que produtos regionais têm grande valor nutritivo e podem ser incluídos na merenda escolar
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As sementes tucumã e o buriti, frutas tipicamente amazônicas, podem ser transformadas em uma farinha rica em vitaminas e proteínas, que se for acrescentada à merenda escolar das escolas públicas pode trazer benefícios à saúde dos estudantes. Essa é uma das conclusões de um estudo realizado pela pesquisadora Lúcia Yuyama, que busca soluções práticas para problemas nutricionais do país, agregando valores aos produtos regionais. O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT).
Um dos objetivos principais da pesquisa de Lúcia Yuyama, que é doutora em nutrição experimental, é apresentar alternativas para políticas públicas ligadas à educação e saúde. Em uma parte do estudo, ela se concentrou no tucumã e no buriti, por apresentarem elementos nutritivos fundamentais para crianças. Como exemplo, ela diz que o buriti e o tucumã possuem beta-caroteno, um pigmento natural que pode converter-se em vitamina A, muito importante na prevenção de distúrbios do crescimento da primeira infância, da xeroftalmia (avitaminose que causa ausência de lágrimas) e na prevenção de outras doenças como o câncer.
Outra parte da pesquisa é criar e desenvolver novas tecnologias que possam aumentar a vida útil (validade) de produtos oriundos do tucumã e do buriti. Dessa forma, o consumo desses produtos poderia se dar de maneira mais segura e eficaz.
A pesquisa foi aplicada em 75 estudantes da instituição Casa da Criança, localizada no centro da cidade de Manaus. Os resultados foram considerados significativos levando em conta o desenvolvimento nutricional de todas as crianças, o que constata a hipótese da pesquisadora.
Três grupos de vinte e cinco crianças foram alimentados, respectivamente: com as polpas do buriti e do tucumã; com o palmitato, um concentrado de vitamina A obtida por meio do beta caroteno contido nas sementes; e o último com a farinha extraída do tucumã e buriti misturada com leite.
“No término de 30 dias de experimento constatou-se, de maneira prática, que a utilização das sementes na dieta diária resultou em dados muito relevantes para a melhoria da saúde através da alimentação aplicada, mostrando soluções que devem estender-se para toda a sociedade, criando assim uma educação alimentar dentro das escolas e do ambiente familiar também”, explicou a professora Lúcia Yuyama.
A pesquisa foi realizada durante seis meses no Laboratório de Nutrição da Coordenação de Pesquisas em Ciências da Saúde (CPCS), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), do qual Lúcia é integrante. Foi analisada a quantidade de beta-caroteno e de outros nutrientes contidos na farinha, no palmitato e nas sementes estudadas.
Caio Mota – Decon/Fapeam