Pesquisa potencializa extração de substância do Uxi-Amarelo
31/05/2012 – Pesquisadores do Amazonas buscam novas formas para potencializar a produção da substância bergenina, presente ricamente no Uxi-amarelo ou Uxi-liso (Endopleura Uchi), espécie amazônica com alto potencial antiinflamatório.
De acordo com a professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e doutora em Ciências Exatas e da Terra, Luciana de Boer Pinheiro de Souza, a bergenina comercial possui um custo bastante elevado, visto que 500 miligramas custam em torno de R$ 1,4 mil.
As metodologias descritas na literatura científica para a extração da bergenina por meio da casca do uxi-amarelo, utilizam diferentes solventes de alta toxicidade impactando no processo de extração da substância. “Além do processo ser bastante lento, levando em torno de 2 semanas, geralmente são produzidas quantidades mínimas de material isolado, em torno de 30 miligramas de bergenina por quilograma de casca”, explicou a pesquisadora.
Com a coordenação de Souza, o estudo intitulado ‘Biotransformação da bergenina utilizando fungos amazônicos como biocatalizadores’ é financiado pelo Governo do Amazonas via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR).
“Os resultados obtidos pela nova metodologia são surpreendentes, constatamos que utilizando solventes de baixo custo e toxicidade é possível obter quantidades de bergenina superior a quantidade obtida pelos procedimentos descritos na literatura. Ao final do procedimento, faz-se uma extração em torno de 700 miligramas da substância por quilograma de casca em menor tempo”, afirmou. Com esse método inovador, constatou-se que é possível incrementar a produção da substância em mais de 4.000%, em relação a outros métodos.
Nesse contexto, essa pesquisa objetiva transformar a bergenina por meio de enzimas comerciais e fungos amazônicos, pertencentes à coleção do curso de Pós-Graduação em Biotecnologia e Recursos Naturais da Amazônia (MBT) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Inovação em extração da bergenina
Segundo Souza, o principal resultado obtido pela pesquisa até o momento, diz respeito a uma nova metodologia de extração da bergenina, desenvolvido pelo seu grupo de pesquisa ‘Biotecnologia na Amazônia: Uso e Conservação da Biodiversidade’.
O alto custo da substância no mercado e a lentidão no processo de extração na casca do Uxi-Amarelo motivou a pesquisadora a desenvolver o trabalho para buscar uma nova metodologia para o isolamento e purificação da bergenina, no qual os resultados demonstram-se inovadores.
Sobre o Uxi Amarelo (Endopleura Uchi)
O Uxi-amarelo ou Uxi-liso é uma grande árvore que pode alcançar os 30 metros de altura e 1 metro de diâmetro. Sua casca é espessa e a madeira é vermelho-escuro. O chá da sua casca, rico em bergenina, é utilizado por populações ribeirinhas para o tratamento de inflamações, doenças gastrointestinais, gastrite, úlceras, diarréia, constipação e também contra tumores e infecções uterinas. Porém, apesar da literatura reportar diversas atividades farmacológicas, a bergenina apresenta baixa biodisponibilidade oral, sendo um obstáculo para seu uso futuro.
De acordo com Souza, por conta dessa dificuldade, várias modificações químicas para a obtenção de derivados esterificados da bergenina vêm sendo realizadas pela comunidade científica para aumentar tanto a atividade lipofílica quanto a fisiológica.
“Há um grande interesse em relação ao aumento da atividade biológica da bergenina visando principalmente a biodisponibilidade oral, daí surgiu a ideia de modificarmos a estrutura deste composto natural”, finalizou.
Sobre o DCR
Financiado pela FAPEAM em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR) consiste em apoiar, com bolsas, passagens e auxílio, doutores titulados em outros estados e no Amazonas, interessados em desenvolver pesquisas em instituições localizadas no Amazonas de forma a fixá-los na região.
Por Nefa Alves e Cristiane Barbosa – Agência Fapeam