Pesquisa revela que macacos contribuem para manutenção da floresta


 

04/01/2011 – Na Floresta, todas as formas de vida são interligadas. Desde os indivíduos microscópicos até os animais de grande porte. O macaco é um exemplo disso. Pertencente à biomassa de frugívoros – animais que consomem frutos – os macacos dispersam sementes,e, consequentemente, regeneram a floresta. Entretanto, esse processo natural pode ser rompido quando houver, por meio da ação humana, o corte seletivo de árvores primárias.

A afirmação é do biólogo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Wilson Roberto Spironello, que realizou a pesquisa "Efeito do corte seletivo de baixo impacto sobre a comunidade de primatas em floresta de terra firme Amazônica". O estudo teve como objetivo verificar o efeito dos cortes em áreas de manejo florestal nas comunidades de primatas. 

Para Spironello, somente após análise dos dados, como o levantamentos de senso populacional, caracterização da vegetação (tamanho e diâmetro das árvores e abertura de dossel), pôde-se verificar como o desmatamento afeta as comunidades de primatas. O experimento foi realizado em área de manejo florestal, de 123 mil hectares, pertencente à empresa Mil Madeireira Ltda, localizada na estrada Manaus-Itacoatiara (AM 10 – Km 220).

Durante a pesquisa, foram estudadas sete espécies existentes naquela localidade, entre as conhecidas popularmente como Guariba, Aranha, Parauacu, Cuxiú, Sagui Menor (Midas), Prego e Tucheiro, este último encontrado somente em áreas alagadas.   

Compreender para preservar

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/prima0.jpgO pesquisador explicou que com o avanço do desmatamento da floresta amazônica, principalmente nas regiões de Rondônia e sul do Pará, houve a preocupação de se compreender todo o processo regenerativo da floresta.

“O fato é que, não se pensou, a longo prazo, na preservação de todos os ambientes existentes da floresta, como tipo de habitat e de espécies. Se nós conservarmos apenas as reservas em si ou áreas indígenas, ainda é insuficiente”, afirmou.

Outro motivador para a realização da pesquisa foi entender como as áreas de concessão de manejo florestal podem ser destinadas como Unidade de Conservação (UC). A partir daí, surgiu a ideia da aplicação do estudo e se este tem valor na conservação da biodiversidade.

Resultados

Spironello salientou que os resultados foram apresentados após análise do ciclo de corte, no período de aproximadamente 12 anos em áreas de controles e de pós-exploração, iniciado em 2006. Num primeiro momento, verificou-se o ambiente nos diferentes tipos de explorações, e controle para analisar se houve variação, durante o primeiro ciclo, em áreas de manejo florestal.

Como resultado, houve uma variação da vegetação, por exemplo, nas áreas de controles em relação às exploradas, verificou-se 15% menos de árvores e 25%, também a menos, das exploradas comercialmente. “Nesse sentido, percebemos que há uma pequena variação, todavia diminui com o tempo, ficando mais próxima do controle. Nessas condições houve um efeito mínimo nas comunidades de primatas.

Conservação de área precisa ser melhorada

Num primeiro instante, a pesquisa demonstrou resultados positivos, pois não verificou grandes efeitos nas comunidades de primatas, entretanto, segundo o pesquisador, podem ser melhoradas e pontuadas outras variações do estudo no futuro. “Com o resultado é possível traçar políticas públicas em áreas de conservação e manejo florestal”, ressaltou.

Apoio do PPP/FAPEAM

A pesquisa foi financiada pelo Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiros Projetos (PPP) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Este programa, desenvolvido em parceria com o CNPq, consiste em apoiar a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica nas instituições públicas e particulares, sem fins lucrativos, de ensino superior e/ou de pesquisa sediadas ou com unidades permanentes no Estado de Amazonas, visando dar suporte à fixação de jovens pesquisadores e nucleação de novos grupos, em quaisquer áreas do conhecimento.

Sebastião Alves – Agência FAPEAM

 

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