Pesquisa sobre leishmaniose identifica marcadores genéticos para a doença


15/08/2011 – Uma das finalidades das pesquisas em genética é identificar a presença e a participação dos genes no corpo humano. Um destes genes é conhecido como NRAMP1 (Natural Resistance Associated Macrophage Protein 1), que possui um importante papel no controle da suscetibilidade inata do ser humano à leishmaniose.  

Com base nesse gene a estudante de farmácia, Luciane Macedo de Souza, participante do Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic), criado pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas (FAPEAM), desenvolveu a pesquisa ‘Estudo de associação de aledos de marcador molecular do gene NRAMP1 com leishmaniose tegumentar em uma amostra populacional do Norte do Brasil’. 

O estudo foi apresentado no mês de julho no Congresso de Iniciação Científica da Fundação de Medicina Tropical (FMT), instituição a qual a estudante está vinculada, e teve por objetivo aplicar uma estratégia de análise do caso-controle na investigação da participação de variantes do gene NRAMP1 na definição da suscetibilidade à leishmaniose tegumentar em uma amostra populacional de indivíduos infectados por Leishmania guyanensis, recrutados no ambulatório de dermatologia tropical da Fundação de Medicina Tropical de Manaus. 

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“A nossa hipótese considera que variantes genéticas do NRAMP1 possam estar associadas com a suscetibilidade do hospedeiro à Leishmaniose Cutânea (LC), causada pela Leishmania guyanensis, ou seja, a espécie é que apresenta maior prevalência no Amazonas”, explicou Luciane Souza. 

Casos 

No período de 2004 a 2008, a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, conhecida hoje como um centro de referência para o tratamento de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) no Estado do Amazonas, registrou uma média anual de 854 casos da doença.  No Brasil, as principais espécies de Leishmania encontradas são: L. amazonensis , L. guyanensis  e L. braziliensis. A L. amazonensis distribui-se, predominantemente, na Região Amazônica, mas pode ocorrer ainda nos Estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Goiás. 

“Nosso objetivo é buscar marcadores genéticos para comprovar a suscetibilidade ou resistência do hospedeiro à LTA causada pelo Leishmania guyanensis, pois a maioria dos indivíduos infectados não desenvolve a doença”, frisou Souza.

População

As pessoas envolvidas no estudo foram recrutadas no ambulatório de dermatologia da FMT/AM e em postos de saúde localizados em áreas de contágio da LTA, na periferia de Manaus. Foram incluídos no estudo mais 200 pacientes com diagnóstico confirmado de LTA e 180 indivíduos sem sinal ou histórico de leishmaniose, pareados por gênero, idade, etnia e região geográfica, para compor o grupo controle.

Os pacientes apresentando lesão suspeita de LTA foram recrutados logo após o diagnóstico confirmatório. O exame físico foi realizado por um dermatologista e o diagnóstico confirmado por exames diretos e histopatológicos das lesões de pele, além de exames laboratoriais complementares.

Os grupos de indivíduos não afetados pelo LTA e sem histórico de leishmaniose, também foram recrutados junto a postos de saúde localizados em áreas endêmicas na periferia de Manaus. As pessoas que depois de examinadas pelo dermatologista foram caracterizadas como não afetadas pela leishmaniose e as que não apresentaram histórico de infecções crônicas, inflamação e doenças autoimunes foram consideradas candidatos.

“Um dos maiores desafios da pesquisa foi realizar o recrutamento dos 302 pacientes com Leishmaniose Cutânea (LC) e 300 indivíduos saudáveis morando na mesma localidade dos indivíduos com a doença. Além disso, a demora na entrega dos materiais (reagentes), para realizar a parte laboratorial também foi um grande desafio”, finaliza Souza.

Sobre as leishmanioses

vspace=10As leishmanioses compreendem um grupo de doenças crônicas não contagiosas, causadas por diversas espécies pertencentes ao reino Protozoa, da ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae e gênero Leishmania. Essas doenças podem atingir as vísceras (leishmaniose visceral), a pele e/ou mucosas (leishmaniose tegumentar – LTA).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) as leishmanioses estão entre as seis doenças infecto-parasitárias com maior índice de ocorrência no mundo e estima-se que, anualmente, entre 1,5 milhões e 2 milhões de indivíduos apresentem leishmaniose, sendo que de 1 a 1,5 milhões de casos correspondem à forma tegumentar da doença.

Sobre o Paic

O Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas foi criado pela FAPEAM e consiste em apoiar, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.

Redação: Nefa Costa

Edição: Ulysses Varela – Agência FAPEAM

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