Pesquisa utiliza método para agilizar produção de mudas nativas


Na busca de satisfazer suas necessidades, o homem sempre retira da natureza o que precisa. Os resíduos são jogados fora por serem considerados sem valor. Para Isolde Dorothea Ferraz, cientista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), as sobras podem até ser resíduos, mas nunca sem valor.

 

É o caso da utilização de sobras de madeira para a produção de um extrato (solução líquida) que pode ajudar na germinação de sementes. Os pesquisadores utilizam restos de folhas e madeira de imbaúba, de palmeira, de milho, serragem de madeira de louro e de angelim-vermelho, ouriço da castanha-do-brasil, dentre outros.

 

Denominado “Adaptação da tecnologia da fumaça para a germinação de sementes de espécies da Amazônia”, o projeto vem sendo realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Integrado de Pesquisa Científica e Tecnológica (Pipt), e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

Doutora em Fisiologia Vegetal pela Universidade de Freiburg, na Alemanha, Ferraz disse que a adequação da produção do extrato da fumaça com os produtos regionais é fundamental para que se desenvolva uma técnica dentro da realidade local e que possa ser utilizada pelos produtores.

 

Segundo Ferraz, foram estudadas, até o momento, sementes de 15 espécies arbóreas diferentes. Ela explicou que dez responderam de forma positiva à aplicação da fumaça, uma apresentou efeito negativo e quatro foram indiferentes, ou seja, não apresentaram nenhum efeito.

 

“Houve uma melhora no desempenho de sementes como a castanha-do-brasil e o pau-de-balsa, que passaram a germinar mais rápido. Ao estudarmos as sementes de caroba (Jacaranda copaia), verificamos  que a fumaça ajudou a aumentar a longevidade das sementes”, pontuou.

 

Outro resultado foi que as espécies florestais amazônicas responderam de maneira positiva em relação ao vigor das plântulas (embriões). Além disso, os lotes de sementes que apresentavam baixo vigor, melhoraram em até 3 vezes após a aplicação da fumaça, em comparação com sementes sem o tratamento.

 

“Esperamos que a utilização da fumaça beneficie as pessoas que trabalham na propagação de espécies nativas, por exemplo, reduzindo o tempo de produção de mudas florestais e  produzindo  mudas mais vigorosas, pois utiliza-se um produto acessível, barato e de fácil manuseio”, ressaltou Ferraz.

 

Processo

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O projeto é desenvolvido no Laboratório de Sementes e na Casa de Vegetação da Coordenação de Pesquisas em Silvicultura Tropical (CPST), do Inpa. Os resíduos madeireiros passam por um forno onde são queimados. Em seguida, a fumaça passa por uma chaminé, é conduzida via sucção e despejada em um recipiente com três litros de água. A mistura é utilizada para molhar e irrigar o substrato onde as sementes serão colocadas.

 

“Se pensarmos, comparativamente, na utilização de ácidos para superar a dormência das sementes (quando elas são impedidas de germinar), o uso da fumaça, além de ser barato, não apresenta na sua manipulação risco à saúde”, informou.

 

Luana Gomes e Luís Mansuêto – Agência Fapeam

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