Pesquisadores de quatro continentes reúnem anos de estudo em livro sobre ‘Primatas de ambientes alagados’
Com o objetivo de reunir e divulgar suas experiências e pesquisas na área da primatologia, cerca de 100 pesquisadores reuniram anos de estudo em um livro a ser lançado em agosto de 2016 no Congresso Internacional de Primatologia, em Chicago, Illinois – USA.
Com aproximadamente 500 páginas o livro intitulado: “Primates of flooded habitat: ecology and conservation”, será publicado apenas em inglês, pela Cambridge University Press e conta com três editores: doutor Adrian Barnett, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), no Brasil; doutor Ikki Matsuda, da Universidade de Kyoto, no Japão; e a Doutora Kat Nowak, da Universidade de Durham, na Inglaterra.
O trio já realiza, há alguns anos, pesquisas com primatas em áreas alagadas, Barnett em igapós no Amazonas, Matsuda em Bornéu na Ásia, com macacos em manguezais e nas florestas que crescem acima dos pântanos, e Nowak na África, com macacos em manguezais, várzeas, igapós e pantanais que existem no continente.
“É impossível conhecer tudo que está acontecendo com os primatas, por isso foi necessário dividir a tarefa com cada responsável por uma parte do mundo. Foi necessário fazer três blocos porque tem macacos e símios em ambos, África e Ásia, e macacos no México, América Central e América do Sul. As únicas partes do mundo onde não tem primatas nativos são nas ilhas do Pacifico e Austrália”, disse Barnett.
A ideia de escrever um livro sobre o assunto iniciou quando Barnett e Nowak trocavam ideias sobre a ecologia e biologia dos animais. Concluíram, então, que várias espécies têm similaridades e superimposições, mas não havia um fórum ou livro onde tudo estivesse junto. Foi no Congresso Internacional de Primatologia de 2012 no México, que os dois decidiram reunir as pesquisas já realizadas na área em um livro direcionado a profissionais e estudantes.
Foram quatro anos para reunir um manuscrito de 44 capítulos, “falando sobre a associação entre áreas alagadas e primatas, com trabalhos feitos por botânicos, falando sobre a diversidade de habitats alagados em ambientes tropicais, macacos que moram em manguezais, macacos que moram em praias e os que moram em pantanais e florestas alagadas com água doce. Temos também capítulos sobre macacos na Ásia, África e América Central e do Sul, e sobre os impactos antrópicos que estão acontecendo agora, a destruição dos habitats alagados e como isso pode influenciar os animais e os impactos de inundações artificias feitos com a construção de barragens, além de cinco setores relacionados à vida de várias espécies de macacos e símios em vários habitats”, revelou Barnett.
São mais de 25 países envolvidos no projeto. Boa parte dos pesquisadores são brasileiros, incluindo pesquisadores do Amazonas, que recebeu uma cobertura mais intensa nos capítulos. ”Claramente os habitats alagados, como os buritizais, a várzea e o igapó, chamam atenção porque eles contribuem com 20% da área da bacia do Amazonas e são extremamente importantes para as espécies. Essa importância está principalmente baseada nos pulsos de produção de folhas e frutos que acontece na várzea e igapó, fornecendo comida para os macacos quando não tem muitos recursos na terra firme”, esclareceu.
Junto ao lançamento do livro, no congresso, também será criado um grupo de interesse especial intitulado ´Primates in Flooded Habitats Research Group´, com um website e um newsletter eletrônico, que vai funcionar como um fórum para as pessoas trocarem informações e ideias. Agregando pessoas e gerando futuros resultados as pesquisas na área.
“Os primatas não recebem a atenção que merecem, por isso, resolvemos lançar o livro para chamar atenção de outros primatólogos, seria um bom jeito para ajudar a conservação dessas áreas, porque os macacos sempre chamam a atenção do público, dos políticos e dos responsáveis pelo planejamento de estratégias para a conservação da natureza”, finalizou Barnett.
Cambridge University Press.
É o mais antigo prelo acadêmico do mundo. Fundado em 1534, com o aval do rei Henrique VII para a Universidade de Cambridge, esta operante desde então. A editora é a segunda maior publicadora acadêmica do mundo, e sobrevive somente com o lucro das vendas dos livros.
Maxcilene Azevedo – Agência FAPEAM
Fotos: Divulgação