Pesquisadores desenvolvem técnica para tratamento de câncer


Um tratamento capaz de reduzir o avanço do câncer e combater as células tumorais é a esperança de milhares de brasileiros. A terapia gênica ainda está em desenvolvimento no país, mas em 10 anos de pesquisa já apresenta resultados animadores. O Departamento de Biologia Celular e o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) já pediram o registro de patente de dois vetores para o tratamento genético em células cancerígenas.

A terapia gênica, como é conhecido o tratamento, é o uso de uma sequência de DNA capaz de consertar genes de células defeituosas. “Todas as células seguem um ciclo: nascem, se reproduzem e morrem. As células tumorais são aquelas que ‘insistem’ em continuar se multiplicando e não morrem. A terapia gênica busca agir diretamente nas células defeituosas”, explicou a professora e pesquisadora da USP Eugênia Costanzi-Strauss. 

Os vetores desenvolvidos pelos pesquisadores são vírus que infectam as células afetadas do paciente. Eles funcionam com um veículo para a transferência de gene terapêutico que funciona como um remédio. Ao chegar à célula-alvo, ele entrega a sequência de DNA que vai fazer os reparos na estrutura. 

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/eucancer2.jpgAlém de Eugênia, mais seis professores de diferentes laboratórios atuam no grupo de pesquisa de Biologia Molecular da Célula. A USP é a primeira instituição brasileira a montar os vetores terapêuticos, tratar as células em cultura e trabalhar com modelos animais. “Nosso foco, agora, é levar esse conhecimento do laboratório para as clínicas. Os resultados que atingimos são bastante animadores”, garantiu Eugênia. 

No Brasil, ainda não há nenhum protocolo clínico para o uso da terapia gênica. Mas em países como Estados Unidos e China essa técnica já é aplicada.  Os pesquisadores brasileiros fazem ensaios para associar o novo tratamento aos quimioterápicos. Segundo Eugênia, a velocidade de crescimento dos tumores tratados com os vetores terapêuticos é três vezes menor que os dos outros cânceres. “Isso permite que a dose de quimioterápicos seja menor e tenha os mesmos efeitos. O paciente fica forte e sofre menos com os efeitos adversos da quimioterapia”, avaliou.

Existem diversas técnicas para que os pacientes com câncer recebam o vetor viral que vai agir diretamente nas células tumorais. Os procedimentos mais comuns são: a aplicação direta sobre o tumor e a aplicação dos vetores virais no organismo depois da retirada do câncer.

Os pedidos de patentes feitos pela USP colocam a instituição em destaque. “Há muitos desafios para o avanço do país nessa área. O Brasil está a pelo menos 10 anos atrás dos outros países”, ressaltou a professora. 

A USP tem equipamentos e profissionais qualificados para produzir os vetores e montar protocolos capazes de aplicar o conhecimento do laboratório no paciente. “A terapia gênica é vista como um remédio. É um mercado que a indústria farmacêutica e as universidades precisam investir mais. Só assim podemos produzir vetores que atendam à especialidade da nossa população”, disse. 

O grupo de pesquisa do Departamento de Biologia Celular e do ICB desenvolve vetores virais para o tratamento do câncer de próstata, pulmão e do sistema nervoso. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor no pulmão é o mais comum de todos os cânceres malignos. Este ano, a estimativa é a de que 27,6 mil pessoas desenvolvam a doença. Já o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens.

Participam da pesquisa o coordenador do Setor de Vetores Virais do Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP, Bryan Strauss, e o coordenador do Instituto do Milênio e Instituto Nacional de Terapia Gênica, Rafael Linden.

 

Fonte: Portal do MCT

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