Pesquisadores discutem ferrovia a partir de Manaus


O professor Luiz Aimberê Freitas, docente da Faculdade Roraimense de Ensino Superior, palestrou na tarde de sexta-feira (26/6), no auditório Paulo Friedrich Bührnheim, da Fundação Djalma Batista, localizada no conjunto Tiradentes, zona Centro-Sul de Manaus. A proposta foi discutir a viabilidade de uma ferrovia ser implantada na Amazônia Central nos próximos anos.

Os pesquisadores José Alberto Machado, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foram os debatedores da temática junto com Augusto Barreto Rocha, da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi).

 

De acordo com Freitas, construir mecanismos que levem ao desenvolvimento socioambiental da Amazônia, por meio de técnicas pouco impactantes à floresta, é o maior desafio na atualidade. Ele ressaltou, em sua palestra, a proposta de se construir uma ferrovia que ligue Manaus a Georgetown, na Guiana. A idéia surgiu a partir da tese de doutorado defendida por ele na Coppe/UFRJ e que está sendo analisada por empresários e estudiosos locais.

 

Fearnside, que também possui estudos sobre a viabilidade do modal ferroviário na Amazônia, ressaltou que a vocação do bioma é a hidrologia, mas a perspectiva da construção de trilhos é melhor do que a abertura de estradas e a pavimentação com asfalto. Segundo o pesquisador do Inpa, um mal exemplo de planejamento sem observância as pesquisas científicas é a própria BR-319, que até 2050 emitirá grande quantidade de carbono para atmosfera.

 

Nesse contexto, Freitas enfatizou a perspectiva de que uma ferrovia de Manaus até Georgetown teria impactos positivos no Pólo Industrial de Manaus (PIM). Haveria, conforme seus estudos, ganhos para os diferentes segmentos industriais que atuam na Zona Franca de Manaus (ZFM).

 

José Alberto Machado, que desenvolve pesquisas básicas e aplicadas sobre a realidade econômica do PIM, enfatizou a importância de haver confluência das atividades industriais de Manaus com a preservação do meio ambiente. Da mesma maneira, Augusto Rocha, da Fucapi, destacou a importância singular de um modal como o ferroviário não apenas para os pólos de duas rodas e injeção plástica, que são os dois maiores do PIM, mas também para a população em geral de Manaus, que hoje chega a quase 2 milhões de pessoas.

 

Por fim, Freitas afirmou que o binômio “desenvolvimento” e “sustentabilidade” deve estar unido para que, no futuro, novos ganhos possam ser conseguidos pelo Estado do Amazonas, como por exemplo, investimentos oriundos do mercado de carbono. Todavia, para isso, os investimentos em ferrovias devem ser precisos e planejados com antecedência. Os ganhos podem ser até 40% maiores, em valores da moeda corrente, a longo prazo, segundo Fearnside.

 

 

Renan Albuquerque – Agência Fapeam

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