Pesquisadores discutem posição da Região Norte na produção científica brasileira


O bem-sucedido caso do Instituto de Estudos Costeiros da UFPA foi tema de discussão na Reunião Regional de Oriximiná

Carla Ferenshitz escreve de Oriximiná, PA, para o "JC E-mail":

Um caso de sucesso no interior do Pará norteou as discussões de uma mesa-redonda desta quinta-feira (6), em Oriximiná, em torno da capacidade da Região Norte de se destacar na produção científica do país. O exemplo utilizado foi o Instituto de Estudos Costeiros, da Universidade Federal do Pará (UFPA), idealizado para se tornar um pólo de biologia no interior da Amazônia.

Construído no campus de Bragança, entre 1998 e 2000, a unidade rapidamente conseguiu alcançar altos níveis de excelência, contrariando indicadores negativos registrados pela maioria das universidades e instituições do estado e do país, como os elevados índices de evasão de profissionais.

A bem-sucedida história do instituto foi contada por seu diretor geral, Horácio Schneider, e chamou a atenção dos presentes para fatores importantes e decisivos para alcançar e manter o padrão internacional das instituições amazônicas e, assim, mudar a realidade da região.

Schneider mostrou a importância de ter um pessoal dedicado, que busca o crescimento da instituição, da geração de vagas para a contratação de doutores, e de sempre aliar o ensino à pesquisa e à extensão.

Recursos humanos

Ficou claro, durante as exposições dos participantes (além de Schneider, a mesa foi composta por José Antunes Rodrigues, da FMRP-USP, e coordenada por Dante Barone, diretor da SBPC), que os recursos humanos são imprescindíveis para o sucesso da produção de conhecimento científico.

No entanto, segundo Barone, a produção científica na Amazônia encontra problemas na formação e na fixação desses recursos humanos. "Há a necessidade de criação de mecanismos inovadores para a Amazônia, a nucleação de pólos de pós-graduação, o incentivo à interdisciplinaridade e à formação de programas de cooperação internacional", afirmou.

Após mostrar um panorama sobre a situação da pesquisa no Brasil, em que a região norte aparece muito defasada, com apenas 4% da produção científica de todo o país, José Antunes declarou que a capacidade acadêmica instalada nas instituições de ensino e pesquisa da região é fator fundamental para a modificação do quadro atual do ensino de graduação e de pós-graduações instaladas na região norte do país.

Segundo ele, para promover a melhoria desses programas de ensino é preciso formar recursos humanos para o ensino e a pesquisa, transferir tecnologia para os seus laboratórios de pesquisa, e avançar o conhecimento científico em diversas áreas de grande interesse regional.

Apesar da realidade apresentada, José Antunes elogiou iniciativas como as da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa), ao criar o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Junior (Pibic Júnior), que este ano contemplou Oriximiná com o maior número de bolsas do estado (são 322).

"Iniciativas como as da Fapespa, com o Pibic Júnior, são excepcionais. É colocar o jovem em contato com a ciência logo nos primeiros anos de vida. É preciso estimular e ter política para manter esses jovens", disse.

O pesquisador encerrou com a mensagem: "Que haja o desenvolvimento da Região Norte, da região Amazônica, mas é preciso ter objetivos. E é preciso ter homens para exercer essas funções."

Fonte: Jornal da Ciência

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