Pesquisas em DSTs e Aids avançam no interior do AM
Em 2009, graças ao trabalho que executa, foi reconhecida nacionalmente como uma das mulheres de destaque no país pela Revista Cláudia. Ela é diretora da Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta (Fuam) e demonstra uma enorme sensibilidade quando se fala de um problema sério que envolve a saúde de milhares de pessoas, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e Aids, principalmente daquelas que moram em regiões afastadas das grandes metrópoles.
Estamos falando da Dra. Adele Benzaken, uma das mais respeitadas pesquisadoras e especialistas em DSTs, que acaba de reunir os dados finais da pesquisa intitulada: “Análise Situacional da Saúde Sexual do Alto Solimões (Assas)”, realizada com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Políticas Públicas em Áreas Estratégicas (Poppe).
Os dados chamaram a atenção das autoridades de saúde e até de representantes da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta entrevista exclusiva para a Agência Fapeam, ela fala um pouco sobre o seu trabalho e o que pensa sobre as ações que envolvem o combate às DST/Aids no Amazonas, um problema que, segundo ela, precisa de atenção redobrada.
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Agência Fapeam – Qual o maior desafio para gerir uma instituição que é referência em pesquisas em DSTs no Amazonas?
Adele Benzaken – É ter tempo (risos). Às vezes chego a pensar que preciso arrumar tempo para dormir um pouco, pois além de administrar uma instituição, realizamos pesquisas, o que demanda tempo e aí vai final de semana, feriado, enfim é muito trabalho, dedicação total. Além da gerência da Fuam, em 2009, foram cinco projetos de pesquisas coordenados e uma conclusão de doutorado. Posso dizer que faz meses que não vou ao cinema e nem vejo televisão.
Agência Fapeam – Como é para a senhora desenvolver pesquisas num Estado de dimensões tão grandes como o Amazonas?
Adele Benzaken – O Amazonas é diferente de outras regiões, pois nós temos áreas de difícil acesso e populações como as indígenas em que cada uma é de uma etnia, linguagem e costumes diferentes que precisam ser diferentemente abordadas.
Agência Fapeam – As intervenções realizadas hoje são suficientes para conter o avanço das DSTs no interior?
Adele Benzaken – Não, nós precisamos realizar uma outra abordagem que permita uma maior discussão sobre o problema envolvendo, principalmente, pesquisadores e as instituições de pesquisas. A exemplo da pesquisa que estamos finalizando no Alto Solimões, que trabalhe a pesquisa e ações programáticas, que levem a um repensar sobre as ações necessárias dentro de um programa de DST/Aids.
Agência Fapeam – Como a senhora avalia os investimentos em pesquisas sobre DSTs no Amazonas?
Adele Benzaken – Para falar a verdade, eu ainda acho que em nível do Governo do Estado e da Coordenação Estadual de DST/Aids, é preciso repensar uma união de forças entre os diversos órgãos estaduais e municipais de saúde, inclusive a FAPEAM. Isso porque existe uma verba federal destacada para o Amazonas que tem uma certa morosidade na aplicação em ações práticas. Há uma necessidade de que as instituições passem a ter fóruns comuns de discussão sobre o problema porque nossa região é especial.
Agência Fapeam – Qual sua avaliação sobre a situação das ações de combate a DST/Aids no interior do Estado?
Adele Benzaken – O retrato disso é a mortalidade de pessoas por Aids no Estado do Amazonas, pois quando nós temos um Estado, que é o único no país que apresenta uma curva ascendente em mortalidade de portadores de HIV/Aids é porque algo está errado. Não estamos fazendo bem o serviço de casa. Nós precisamos ter um repensar de toda esta situação.
Agência Fapeam – E qual a saída para esta posição?
Adele Benzaken – Um primeiro passo já foi dado, além de pesquisas com resultados expressivos que culminem em ações práticas positivas, a expectativa é que com essa nova estruturação do Programa Estadual de DSTs com a gerência do Dr. Noaldo Lucena possamos conversar e ter uma visão macro com o envolvimento de todas as instituições que possam ajudar na reversão desse quadro. Vamos torcer por isso.
Ulysses Varela – Agência Fapeam