Piatam melhora a qualidade de vida do caboclo ribeirinho
Em atuação desde 2000, o programa de pesquisa que avalia os Potenciais Impactos e Riscos Ambientais da Indústria do Petróleo e Gás Natural no Amazonas (Piatam) desenvolve junto às comunidades situadas no trecho Coari – Manaus, percurso no qual é construído o gasoduto, importantes ações socioeconômicas na intenção de melhorar a qualidade de vida do caboclo ribeirinho.
A linha de pesquisa socioeconômica é coordenada por Therezinha de Jesus Fraxe e divide-se em três outros projetos: horta comunitária, formação de lideranças e produção e processamento de malva. Estas subdivisões foram definidas a partir dos dados colhidos nas comunidades, levam em conta suas especificidades e visam promover a inclusão social por meio de ações concretas.
Nas hortas criadas com o estímulo do Piatam são produzidas espécies de verduras e legumes conhecidos pelos moradores das comunidades. Há preocupação em estimular não somente a produção, mas também o consumo de hortaliças informando sobre a importância nutritiva destes produtos na alimentação.
As professoras da comunidade de Nossa Senhora das Graças, Gisele Barboza, 28 e Maria Geiziele Barboza, 26, destacam que seus 41 alunos não acostumados a fazer uma alimentação à base de hortaliças, passaram a consumir com freqüência durante o lanche escolar e a estimular seus pais à criação de uma horta ao lado de suas casas.
Nas visitas, os membros do projeto de formação de lideranças promovem discussões e fazem com que os próprios comunitários apontem possíveis soluções para seus problemas. A iniciativa pretende fortalecer uma organização sociopolítica participativa. Os moradores produzem desenhos de como se vêem o que contribui para a formação de uma identidade cultural.
Segundo Maria de Fátima Barboza, 50, moradora há 17 anos da comunidade de Nossa Senhora das Graças, as 80 famílias da região viviam isoladas em suas propriedades. “Com as visitas do projeto nossas mentes se abriram, passamos a acreditar mais em nós mesmos e em nossa união”, destacou Fátima Barboza.
As ações de produção e novas formas de processamento de malva são realizadas em três comunidades que apresentaram vocação para desenvolver esta cultura. No processo tradicional que envolve homens, mulheres e crianças, os malvicultores permanecem12 horas por dia com o corpo submerso na água sob o risco de picadas de cobras, ferradas de arraia e outras doenças como reumatismo.
Santo Antônio, Bom Jesus e Nossa Senhora das Graças foram às comunidades que receberam uma máquina desfibriladora criada por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A máquina que está em fase de teste para posteriormente ser aprimorada, promove mudanças densas no processo de produção.
Malva é uma planta lenhosa cuja fibra obtida da casca é matéria-prima da indústria de sacaria. Para obtenção da fibra por meio do processo tradicional, os feixes de 80 quilos são submergidos por 12 dias em rios e lagos. A máquina reduz este período para cinco dias e diminui o peso dos feixes substancialmente por fazer a separação da fibra do restante da planta.
O professor do departamento de agronomia da Ufam, Carlos Messias Medeiros, afirma que esta cultura introduzida no Brasil por volta de 500 anos nunca sofreu modificações. Contou ainda que os cinco dias de permanência na água necessários ao novo processo se dão somente para limpeza e retirada da seiva das fibras.
Atividades do Piatam
A caracterização ambiental na área de atuação da Petrobras no estado do Amazonas, através da construção de séries históricas necessárias ao monitoramento ambiental, gerando dados e informações sintetizadas e contribuindo na identificação de ações indispensáveis ao desenvolvimento das populações humanas, é objetivo do programa Piatam.
As vertentes de atuação desde programa se desdobram em torno de 15 áreas de pesquisa. Estuda-se a arqueologia para entender a história de como viviam os povos da Amazônia, as doenças tropicais com ênfase na dengue e na malária, a limnologia para obter informações que ajudarão a proteger e restaurar os recursos hídricos e a ecotoxicologia que busca encontrar indicadores de poluição das espécies de peixes dentre outras áreas.
Quatro vezes por ano, as comunidades de Santa Luzia do Baixio, Nossa Senhora das Graças, Nossa Senhora de Nazaré, Bom Jesus, Santo Antônio, Matrinxã, Lauro Sodré, Esperança II e Santa Luzia do Buiuçuzinho recebem a visita da equipe do programa Piatam. O número de excursões coincide com os estágios do ciclo hidrológico do rio Solimões.
Em maio foi realizada apresentação dos resultados do projeto Pitam III à comunidade científica e aos jornalistas de veículos locais e nacionais. Como parte da programação, foi realizada uma visita à comunidade de Nossa Senhora das Graças no município de Manacapuru. Na etapa IV está sendo dado prosseguimento aos estudos e as ações, juntamente com a implementação de novas iniciativas.
Cleidimar Pedroso – Decon/Fapeam