PIM precisa investir mais em inovação tecnológica
O Amazonas foi o Estado brasileiro que mais implementou produto e processo tecnologicamente novo, ou substancialmente aprimorado, em relação aos demais Estados do país, em 2005, com o percentual de 50,6%. A indústria amazonense registrou o terceiro maior esforço inovativo (3,1%), que representa os gastos com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), sendo um dos critérios da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec).
Segundo Dimas José Lasmar, professor da Fundação Centro de Análise Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi), o Amazonas ficou atrás apenas de São Paulo (3,4%) e Minas Gerais (3,2%). Ele disse que os números deveriam ser festejados se fossem analisados apenas pela abordagem da Pintec, sem considerar outras interpretações.
Contudo, os resultados são reflexo da tecnologia de ponta desenvolvida em outras regiões, que é transferida para o Amazonas. Geralmente, os processos são desenvolvidos no país de origem de algumas empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM).
As informações fazem parte do projeto "Interpretação da Pintec 2005 e Novos Indicadores de Inovação Tecnológica para o Amazonas", realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Inovação Tecnológica (Pipt). Os resultados da pesquisa foram apresentados em março de 2009.
Doutor em Engenharia de Produção e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Inovação (Nepi), da Fucapi, Lasmar disse que começou a desenvolver o projeto com a finalidade de propôr novos indicadores de inovação para o Amazonas que melhor expressem sua dinâmica e suas peculiaridades.
Para ele, a aquisição dessas tecnologias deve contar com a participação de agentes locais, o que não acontece. “Embora a aquisição de tecnologias seja importante no processo inovativo, observamos que as empresas do PIM têm pouco ou nenhum envolvimento significativo com o Sistema Local de Inovação”, ressaltou.
De acordo com Lasmar, as experiências bem sucedidas em outras economias mostram a importância da formação de pessoal em áreas tecnológicas e o papel importante da criação de empresas de base tecnológica para a inovação.
Sobre a PINTEC
Realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pintec consiste em uma pesquisa cujo foco é analisar os fatores que influenciam o comportamento inovador das empresas, as estratégias adotadas, os esforços empreendidos, os incentivos, os obstáculos e os resultados da inovação.
Construção de indicadores
Para determinar quais os melhores índices para o Amazonas, é feito um cálculo de indicadores que resulta das diversas atividades no âmbito de ciência, tecnologia e inovação (C,T&I) de um ambiente socioeconômico.
Entre essas atividades, constam a relação dos benefícios fiscais recebidos pelas empresas com sua contrapartida nos gastos com P&D; o grau de envolvimento das instituições que integram o Sistema Local de Inovação (SLI) com as atividades de P&D das empresas; o esforço empreendido pela atividade empresarial com a preservação ambiental.
“Essa última pode não ser tão importante para outras regiões, mas está associada ao futuro da Amazônia e seu papel no equilíbrio ambiental, com impactos diretos no comportamento climático do planeta”, alertou.
Segundo Lasmar, a construção de indicadores no âmbito de C,T&I tem sido uma preocupação de diversos países e no Brasil não tem sido diferente.
“O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) está coordenando e estimulando diversas iniciativas no desenvolvimento de indicadores no País. Em algum momento, o Amazonas será convidado a dar sua contribuição”, disse o pesquisador, após afirmar que alguns dos indicadores são específicos para cada realidade socioeconômica e sua atividade industrial.
“O apoio da FAPEAM para a realização de estudos como esse é fundamental, já que seu papel de agente de fomento no desenvolvimento científico e tecnológico segue a prática de economias desenvolvidas”, concluiu.
Kelly Melo e Luís Mansuêto – Agência Fapeam