Piquiazeiro integra comunidades tradicionais da Amazônia
21/11/2012 – O desaparecimento do piquiazeiro (árvore frutífera) grande fornecedora de alimento para as populações tradicionais da Amazônia tem forçado agricultores do município de Manacapuru (localizado a 84 quilômetros de Manaus) a desenvolver sistemas sustentáveis.
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Esse resultado foi constatado pela pesquisadora e mestra em Ciências do Ambiente, Railma Pereira Moraes, por meio da pesquisa ‘Conservação socioambiental do piquiá (Caryocar Villosum) na região dos Lagos Paru e Calado, no município de Manacapuru-AM’, que teve por objetivo analisar a recorrência do plantio de espécies florestais, não só do piquiá (objeto de estudo), mas também de outras espécies como castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa), uixi (Endopleura sp.), entre outras.
Nesse sentido, Moraes pôde verificar que a espécie apresenta importância ecológica, econômica e social, tendo em vista sua manutenção e o incentivo para novos plantios, resultante do contexto cultural e satisfação do retorno econômico com a venda dos frutos.
Cultural
Segundo a pesquisadora, na Amazônia, os agricultores têm maior proximidade e necessidade de manejar espécies florestais, porém, com a conversão de florestas em áreas de agricultura e pastagem, restam poucas áreas florestadas. Desta forma, torna-se mais difícil o extrativismo e tais espécies passam a ser plantadas nos quintais, juntamente com a laranjeira, as bananeiras e outras.
“O plantio de espécies florestais, mesmo que para o consumo familiar, possibilita a manutenção do etnoconhecimento e a valorização do fruto, requisitos fundamentais para a conservação de quaisquer espécies”, afirmou.
Moraes informa ainda que o manejo tem estimulado a plasticidade da espécie, tendo em vistas as diferentes dimensões e comportamentos fisiológicos, apresentadas por indivíduos em sistemas florestais e em quintais. Porém, a pesquisadora ressalta sobre a importância e a manutenção da espécie nos dois ambientes.
A pesquisa contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Institucional de Apoio à Pós-Gradução Stricto Sensu, cujo objetivo é apoiar, com bolsas de mestrado e doutorado, e auxílio financeiro, as instituições localizadas no Estado do Amazonas que desenvolvem programas de pós-graduação Stricto Sensu credenciados pela Capes.
“A FAPEAM tem ajudado a aumentar o número de graduados, mestre e doutores, assim sendo, possibilita maior desenvolvimento ao Estado e à progressão individual. A Fundação deu-me a oportunidade de concluir o mestrado e com esta titulação fui aprovada em concursos e, hoje, sou professora efetiva do Instituto Federal do Amazonas (Ifam/Tabatinga), completou.
Sobre a espécie
O piquiazeiro é uma árvore de mata primária que pode atingir grandes dimensões com até 50 metros de altura. Possui tronco com 2,5 metros de diâmetro, ou rodo superior a 5 metros, e uma copa que se destaca na floresta. Ocorre em toda a Amazônia, com maior concentração na terra firme da região do grande estuário. O fruto é comestível depois do cozimento e é bastante apreciado pelas populações tradicionais da Amazônia.
A madeira da espécie tem qualidade superior, com fibras entrelaçadas, possuindo grande resistência e, por isso, é utilizada na indústria naval. As flores do piquiazeiro são muito apreciadas pela caça. Durante a floração, os caçadores esperam pela caça embaixo das árvores, quando suas flores amarelas caem ao chão.
Sebastião Alves – Agência FAPEAM