Plantas adubadeiras contribuem para manejo ecológico de solos
23/08/2011 – A contribuição de plantas adubadeiras e de cobertura no manejo e conservação do solo foi tema apresentado a agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural que visitaram o campo experimental da Embrapa Amazônia Ocidental nesta terça-feira, 23 de agosto, como atividade do curso ‘Manejo ecológico de solos e água’.
Coordenado pela professora Katell Uguen, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o curso tem a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e conta com a colaboração de pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental no grupo de instrutores. Os temas abordados incluem ecologia do solo, elaboração de indicadores da qualidade do solo, práticas de conservação e de adubação ecológicas, relações entre a conservação dos solos e a qualidade de água, entre outros assuntos.
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O curso, realizado de 16 a 23 de agosto em Manaus, conta com financiamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Participam 38 agentes de ATER que atuam nos estados do Amazonas, Pará e Rio de Janeiro, inclusive agentes indígenas do AM. Esse curso faz parte de um edital nacional que buscou atender demandas dos agricultores e está sendo realizado em 13 estados do Brasil, com adaptação para as realidades locais.
As informações sobre os experimentos com plantas adubadeiras foram apresentadas pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Silas Garcia. Ingá, flemingia, tefrósia e urucum fazem parte de experimento com plantas adubadeiras, que está sendo conduzido no campo experimental da Embrapa (Km 29, da rodovia AM-010 , Manaus-Itacoatiara).
O pesquisador Silas Garcia explica que essas plantas podem ser usadas como adubo verde, fontes de Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), para adubar fruteiras e outros cultivos agrícolas, bem como, para ajudar a recuperar as condições químicas e físicas dos solos degradados.
No experimento estão sendo verificadas as condições de sobrevivência e crescimento dessas plantas em áreas de solo degradado. Uma das questões a serem verificadas no estudo são as condições de plantio que permitem maior produção de biomassa e dependendo da biomassa gerada, qual a quantidade de nutrientes produzidos por estas plantas. O ingazeiro, por exemplo, apresenta maior concentração de nitrogênio e fósforo, já o urucum apresenta mais fósforo e potássio.
Na atividade com os agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) que participam do curso “Manejo ecológico de solos e água”, também foi abordada a contribuição de plantas para cobertura do solo. Um exemplo nesse sentido é a cobertura da leguminosa puerária em plantios de fruteiras. O pesquisador Silas Garcia explica que a cobertura com essa planta, contribui para melhoria dos atributos químicos e físicos do solo e evita a compactação e a perda de solo e nutrientes pela erosão e lixiviação, por isso, esta prática é considerada muito importante para o manejo e conservação do solo. “O benefício não se restringe ao início do plantio, prolonga-se durante o longo ciclo da planta perene”, acrescenta.
Nesta terça-feira, os agentes de ATER também tiveram atividades no Laboratório de Análise de Solos e Plantas da Embrapa Amazônia Ocidental, onde receberam informações da supervisora Hilma Couto, sobre os procedimentos de analise química de solos e sobre análise de tecido foliar.
Como contribuição ao curso de “Manejo ecológico de solos e água”, organizado pela UEA, também participaram como instrutores outros pesquisadores e analistas da Embrapa Amazônia Ocidental. No campo experimental da Embrapa em Iranduba, o pesquisador Orlando Paulino apresentou informações sobre os solos de Terra Preta de Índio. O analista da Embrapa Bruno Scarazatti apresentou informações sobre fauna do solo em áreas cultivadas no sistema de permacultura, tema de sua dissertação de mestrado.
No campo experimental da Embrapa, no Distrito Agropecuário (DAS), os alunos receberam informações do pesquisador Paulo Teixeira e analista Raimundo Rocha sobre a qualidade do solo em diferentes sistemas de uso da terra (pastagens, sistemas agroflorestais, plantios de dendê e culturas anuais). Os alunos também visitaram dois agricultores familiares do assentamento Tarumã Mirim que trabalham com sistema orgânico e sistemas agroflorestais através do projeto Tarumã Vida, coordenado pela pesquisadora Joanne Régis, da Embrapa.
A coordenadora do curso Katell Uguen destaca que além de estudar os ecossistemas agrícolas também foram contemplados estudos de ecossistemas naturais, como a floresta de terra firme. Por isso foram realizadas atividades também na Reserva Adolpho Ducke, do Inpa, avaliando igarapés preservados e poluídos. “Nosso desafio é mostrar a relação entre solo e água com uma visão sistêmica da propriedade, uma vez que a qualidade da água está ligada a conservação do solo, e é possível manejar a água dentro da propriedade agrícola usando plantas e técnicas de conservação”, observa Katell. Na Reserva Ducke, os temas abordados foram Ecologia de Micorrizas, com os instrutores Rejane Oliveira, Bianca Galúcio, Francisco Wesen; Manejo da água, com Sávio Ferreira; Uso de leguminosas para adubação, com Luiz Augusto Gomes; e Formação de solos da Amazônia, com Kleberson Souza.
A coordenadora ressalta que este curso traz a oportunidade de trocar experiências entre agentes de ATER e as instituições de pesquisa, além de refletir sobre a realidade das práticas de manejo do solo pelos agricultores e buscar possibilidades de melhoria.
Foto1: Agentes de Ater em aula do curso sobre manejo de solos. (foto:Síglia Regina)
Fonte: Embrapa Amazônia Ocidental