Plantas encontradas no Ceará são usadas no combate à dengue


Um grupo de pesquisadores de três universidades cearenses estuda a composição química de algumas espécies de plantas existentes na Meruoca, Zona Norte do Estado. O projeto começou em 2006 e tem como objetivo realizar um estudo biomonitorado dos óleos essenciais, extratos e frações das espécies selecionadas por seu valor medicinal. O biomonitoramento pode ser útil no combate à dengue, através do estudo de componentes produzidos pela planta que a protegem contra microorganismos e insetos predadores, podendo ser utilizados em novos produtos para combater o mosquito Aedes aegypti.

O monitoramento de extratos de plantas para a procura de substâncias bioativas têm se tornado cada vez mais comum em laboratórios de produtos naturais, principalmente em estudos sobre as atividades larvicida e antimicrobiana, ou em ensaios que visam avaliar o potencial citotóxico, antioxidante e anticolinesterásico (inibidor da enzima acetilcolinesterase, utilizado no tratamento de alzheimer). Esses estudos podem resultar em dados importantes para o tratamento de doenças como câncer, enfisema, cirrose, aterosclerose, alzheimer e artrites, relacionadas ao estresse oxidativo, que ocorre quando os mecanismos de proteção antioxidante do organismo se tornam ineficientes por fatores como idade e deterioração das funções fisiológicas.

De acordo com a professora Maria Rose Jane Ribeiro, da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), coordenadora do projeto, foram estudadas nove espécies de plantas encontradas na Meruoca, próximo a Sobral, duas delas, Eupatorium ballotaefolium e Eupatorium betonicaeforme, tiveram a composição química volátil e não-volátil analisadas (a volatibilidade de uma substância se refere à facilidade que ela tem de passar do estado líquido ao estado de vapor ou gasoso).

Das outras espécies estudadas, Baccharis trinervis, conhecida como assapeixe-fino ou assapeixe-branco, apresentou atividade antimicrobiana, e Blainvillea rhomboidea, cujo nome popular é erva-palha ou picão grande, apresentou atividade citotóxica frente a células tumorais da mama e do cólon. Além dessas, os óleos essenciais obtidos das folhas de Eupatorium ballotaefolium (picão-roxo) demonstraram potencial anticolinesterásico, podendo ser fortes candidatos no tratamento do alzheimer.

Segundo a pesquisadora, o grupo de pesquisa em Química Orgânica da UVA também estuda outras espécies que têm demonstrado ação larvicida significativa contra as larvas do Aedes aegypti, como o óleo essencial das raízes de Eupatorium betonicaeforme, ou elevada atividade antimicrobiana, como o óleo essencial de Baccharis trinervis (assapeixe-fino) .


E-Mais

Além da professora Maria Rose Jane, da Universidade Vale do Acaraú (UVA), colaboram com o projeto os professores da Universidade Federal do Ceará (UFC) Edilberto Rocha Silveira, Letícia Costa Lotufo e Otília Deusdênia Loiola Pessoa, a professora Jane Eire Silva, da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e os professores Elnatan de Souza, Paulo Bandeira e Helcio dos Santos, também
da UVA.

O projeto é intitulado "Estudo Fitoquímico e Avaliação da Atividade Farmacológica de Plantas Nativas da Serra da Meruoca & Sobral & Ceará".

Fonte: Portal Confap

 

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