Poluição de rios e igarapés pode afetar a cadeia alimentar
17/11/10 – Existe um ditado popular que diz: “tamanho não é documento”, na natureza, esse dito faz sentido, principalmente quando o assunto é a vida dos insetos, que são pequenos, de fisiologias estranhas, e sem uma aparente utilidade significativa.
Mas, para mudar este conceito a entomologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Dra. Neusa Hamada, estuda estes pequenos animais a fim de ajudar a entender a importância deles para as outras espécies. Parte do resultado desse trabalho foi apresentado durante a palestra "Insetos Aquáticos na Amazônia", proferida durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) realizada em Manaus, no mês de outubro.
Utilidade dos insetos aquáticos
Conhecidos como indicadores biológicos, os insetos aquáticos, ou seja insetos que passam parte da sua vida na água, servem como sinalizadores do nível de pureza ou de poluição dos ambientes.
De acordo com a pesquisadora, devido à sensibilidade de cada espécie, como no caso do megaloptera, que na fase inicial da vida se adapta apenas em ambientes aquáticos puros, algumas espécies são usadas para estudos de impactos ambientais. “Conforme as espécies encontradas no local torna-se possível determinar o grau de degradação de determinado ambiente”, explicou.
Além de bioindicadores os insetos aquáticos são a base da cadeia alimentar, pois são o principal alimento da maioria dos peixes, como o tucunaré.
“Quando poluímos os rios e os igarapés esta poluição atinge não somente os peixes, mas, toda a cadeia alimentar”, salientou Hamada destacando a dinâmica da vida: o homem se alimenta de peixe, o peixe se alimenta de inseto, o inseto se alimenta de troncos e ramos das árvores.
A pesquisadora destacou que se o habitat desses pequenos seres estiver comprometido, consequentemente, o ser humano sentirá as reações.
“A consciência ambiental pode diminuir esses impactos, com pequenas atitudes como: não jogar lixo nos rios, não jogar lixo nas ruas, reciclar sempre que possível. Afinal, o planeta é nosso único lar” finalizou.
Sobre a pesquisadora
Neuza Hamada desenvolve pesquisas relacionadas a insetos e faz parte do grupo de pesquisas ligado ao Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), que recebe recursos do CNPq e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
O foco do projeto de Neusa Hamada é o inventário de insetos aquáticos no Amazonas, tendo como base as áreas de taxonomia, biologia e ecologia. As etapas iniciais constituem a base para o desenvolvimento de aplicações práticas nas áreas educacional, ambiental (recursos hídricos) e médico legal, visando a melhoria da qualidade de vida da população do Estado do Amazonas.
“Qualquer projeto de desenvolvimento na Amazônia demanda conhecimentos sobre os ecossistemas aquáticos, especialmente porque as principais vias de locomoção regional são os rios e igarapés. Esses locais estão constantemente sob risco de impacto ambiental”, explicou a cientista.
Foto 1: Megaloptera na água em fase jovem (Foto: Divulgação)
Margarete Rocha e Ulysses Varela– Agência FAPEAM