Povos tradicionais monitoram biodiversidade
Com apoio do projeto Corredores Ecológicos, da Moore Foundation e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), a partir de financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o governo começou a efetivar o Programa de Monitoramento em Unidades de Conservação Estaduais (Probuc).
A proposta visa fortalecer o etnoconhecimento dos povos que moram em UCs e fazer com que o saber seja compartilhado e auxilie nas políticas públicas de conservação ambiental. A meta do projeto também é utilizar os conhecimentos históricos — que foram desenvolvidos ao longo de décadas e são oriundos de hábitos psicossociais das populações tradicionais que residem nas UCs do Estado — para incentivar a conservação dos ecossistemas.
“O Probuc visa estabelecer um sistema de monitoramento que permita aos gestores das UCs compreender o status da biodiversidade, de que forma ela está sendo aproveitada ou ameaçada”, ressalta Thaís Kasecker, mestre em biologia e membro do setor de Projetos Especiais da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), que coordena o Probuc.
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uacari, localizada no município de Carauari (a 782 km de Manaus), foi a primeira a receber investimentos do projeto. No local, 21 comunitários, moradores da UC, foram avaliados a partir da atividade de monitoramento da biodiversidade. Eles finalizaram recentemente uma oficina técnica para mensurar a efetividade do sistema de monitoramento.
Conforme Thaís, o resultado foi positivo porque se tornou possível, a partir da experiência pioneira dos comunitários da RDS Uacari, realizar ajustes no processo de monitoramento. “Tiveram apenas pequenos reajustes logísticos, como por exemplo o uso de canoa para colher dados e melhorar a descrição de informações sobre a bioviversidade”, explicou Thais.
“Grande parte do sucesso do Probuc é a apropriação dos seus resultados pelos comunitários residentes nas unidades de conservação, através dos monitores de biodiversidade, líderes comunitários e representantes dos conselhos gestores e do associativismo locais, valorizando efetivamente o etnoconhecimento”, complementou a bióloga.