Prática esportiva é saída para educação inclusiva
A educação inclusiva nas escolas da região do Alto Solimões, no oeste do Amazonas, realizada por meio de atividades motoras, foi a saída encontrada para que crianças portadoras de necessidades especiais pudessem frequentar às aulas de Educação Física. Essa nova realidade foi possível por meio da capacitação dos professores sobre a importância da atividade física para esses alunos, que antes não participavam. A iniciativa envolveu a realização de cursos e oficinas nos municípios de Benjamin Constant, Fonte Boa, Jutaí, Santo Antônio do Içá e São Paulo de Olivença.
A inserção dos alunos é fruto do "Programa de Educação Física Inclusiva na Rede Estadual de Ensino da Região do Alto Solimões", coordenado pela doutora em Psicologia Social e Desenvolvimento Humano, Kathya Augusta Thomé Lopes.
Com investimentos da ordem de R$ 111 mil, a pesquisa teve início em 2006 e foi concluída em novembro de 2009, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas em Áreas Estratégicas (Ppope).
Levantamento situacional
A pesquisa fez um levantamento situacional das escolas (locais destinados às aulas de Educação Física, prevalência dos estudantes com deficiência). Em seguida, foi aplicado um questionário e, por último, promovido um Fórum de Educação Física Inclusiva. O evento contou com a participação dos professores dos municípios envolvidos, além das secretarias Estadual (Seduc) e Municipal (Semed) de Educação.
Durante o fórum, foram apresentados os resultados da pesquisa e as experiências das ações inclusivas, por exemplo, dos representantes dos distritos educacionais da Seduc e da Semed.
Segundo Lopes, após as ações houve mudanças significativas por parte dos professores. Em São Paulo de Olivença, 64% dos mestres passaram a apoiar a ação. Em Benjamin Constant e Santo Antônio do Içá, 75% se mostraram favoráveis. Em Jutaí e Fonte Boa, 61% e 50%, respectivamente, também foram favoráveis à inclusão.
De acordo com a pesquisadora, o programa buscou sensibilizar os professores de Educação Física das escolas estaduais do Alto Solimões sobre a deficiência dos alunos e como a prática de atividades motoras pode facilitar o aprendizado. “Só assim é possível realizar uma educação inclusiva para o ensino fundamental regular”, salientou.
A pesquisadora destacou ainda que antes, as crianças com necessidades especiais não eram aceitas nas escolas. “Muitas ficavam sem estudar devido a resistência dos professores. Todavia, hoje, o cenário mudou. A capacitação despertou, nos professores, a vontade de atender aos estudantes com necessidades especiais".
Vanessa Leocádio – Agência Fapeam