Professor defende diagnóstico diferencial para doenças virais e bacterianas
Conscientizar os profissionais de saúde da importância de fazer um diagnóstico diferencial entre doenças virais e doenças bacterianas, falando em termos de infecções de vias aéreas. Esse foi o foco principal da palestra feita por Moacir Tabasnick, mestre em otorrinolaringologia (ORL) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A palestra de Tabasnick foi realizada na sexta-feira, 13, na programação do 1º Congresso Internacional de Doenças Infecciosas em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, realizado no auditório da Escola Superior de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O evento é uma parceria da UEA com a Sociedade de ORL e Cirurgia Cervico-facial da Amazônia Ocidental, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Tabasnick explica que o diagnóstico é importante para que apenas as infecções bacterianas sejam tratadas com antibióticos, uma vez que esses medicamentos não realizam nenhum efeito contra infecções virais. “Se você tratar uma infecção viral com antibiótico você não realiza benefício algum ao paciente, podendo apenas aumentar a resistência bacteriana nele. Quando o mesmo antibiótico for realmente necessário no tratamento ao paciente ele não terá o efeito esperado”, explica o médico.
O uso indiscriminado dos antibióticos, segundo o palestrante, acaba provocando um desequilíbrio ecológico entre o homem e os microorganismos existentes no ambiente em que habita. “Os micróbios estão no ecossistema, fazem parte do ambiente. Não é possível esterilizar o meio, e nem é objetivo da ciência. Muitos desses micróbios são utilizados pelo homem e muitos outros são importantes para nossa saúde. O uso amplo de antibióticos na veterinária ou na pecuária pode causar desequilíbrios ecológicos perigosos para a saúde humana”, adverte Tabasnick.
Uma alternativa para o uso dos antibióticos, que tem efeitos colaterais na saúde humana, é a medicina fito-medicamentosa, proveniente de plantas. O palestrante explica que os fitoterápicos são os remédios caseiros provenientes dos conhecimentos populares, normalmente plantas utilizadas em forma de chás ou ungüentos, sem nenhum controle científico. Já os fito-medicamentos são plantas que foram estudadas, selecionadas, coletadas de forma adequada, analisadas cientificamente sob um controle de qualidade.
“O Brasil não está aproveitando esse mercado potencial. Temos cerca de cinqüenta e cinco mil espécies de plantas já catalogadas que precisam ser pesquisadas ainda. Apesar de termos melhorado a legislação nesse sentido, estamos ainda engatinhando na pesquisa para produção de fitomedicamentos”, aponta o médico. Para ele, O Estado do Amazonas, contando com tamanha biodiversidade, pode vir a ser um dos pólos produtores de tais medicamentos, promovendo uma saúde pública mais competente, com menores custos.