Programa da FAPEAM é apresentado como experiência inovadora na CNCTI
Brasília/DF – Se depender do que foi discutido e apresentado durante a sessão temática na tarde da última quarta-feira (26/05) em Brasília, durante a sessão plenária “Educação em ciências: Experiências inovadoras”, muito em breve, todo ao país acompanhará um salto na forma de repassar os conteúdos da disciplina de ciências para alunos de ensino fundamental e médio.
As discussões sobre o tema reuniram professores, cientistas e gestores em educação que tiveram a oportunidade de conhecer algumas ações de sucesso desenvolvidas pelo país. A região Norte apresentou duas experiências, uma desenvolvida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), o Programa Ciência na Escola (PCE) que em três edições já resultou em mais de 300 projetos de pesquisas concluídos por alunos e professores de escolas da rede publica de ensino, com o apoio das secretarias municipal e estadual de educação (Semed e Seduc), e a outra desenvolvida pela primeira Escola Estadual Sustentável da cidade de Belém – Carlos Guimarães, que envolve os alunos em ação de preservação, educação alimentar e utilização de águas Pluviais.
A palestrante e diretora de escola de Belém (PA), Luiza Arruda, destacou a necessidade do desenvolvimento de uma “cultura científica” dentro da escola, de maneira que os alunos se apropriem do conhecimento e o coloquem em prática. “Nossas experiências, como as atividades de coleta seletiva e outros projetos, deixam claro que trabalhar com atividades práticas, dentro da sala de aula, muda a mentalidade dos estudantes” ressaltou.
O professor Aderli Simões, que é o responsável pelo projeto de avaliação das ações do PCE, vinculado ao Programa de Gestão em Ciência e Tecnologia do Estado do Amazonas (PGCT), impressionou a plateia com os números do programa, que hoje chega a sua quarta edição.
Ele mostrou que é possível promover o ensino de ciências entre crianças e jovens de forma a mudar a vida dos participantes do projeto, dos professores, da escola e até das famílias dos envolvidos.
“O que nós vimos durante as apresentações finais dos resultados da terceira edição do programa, em março deste ano em Manaus, é algo surpreendente. É gratificante ver um jovem estudante de 14 ou 16 anos apresentando um projeto que gerou resultado e que certamente mudou a sua vida”, Simões.
Outras experiências
Para a professora Roseli Lopes da Universidade de São Paulo (USP), que participa de uma iniciativa para ampliar o interesse dos alunos pelas engenharias, o Brasil precisa investir mais em ações dentro das escolas, nas feiras e olimpíadas de ciências, que são formas de incentivar os jovens a buscar o conhecimento. “O Brasil precisa de melhores práticas e melhores professores, para dar um salto na educação de ciências nas escolas”, destacou.
Para o coordenador da sessão, professor Ernest Hamburger, o ensino de ciências deve ser baseado na investigação, onde os alunos possam experimentar e ter contato direto com os objetos de estudo. “As ações entre escola, museus, universidades e concursos como as olimpíadas são importantes, mas a peça chave é a escola. É preciso investir na carreira do professor, isso é o que vai resolver o problema do Brasil”, alertou.
Para o coordenador do Comitê de Assessoramento da Educação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Luciano Mendes Filho, as experiências demonstram o quanto é interessante e inovador o investimento forte na educação básica, seja no financiamento de projetos, seja na qualificação dos professores. “Todas estas experiências apresentadas aqui farão parte do documento final da conferência, que será apresentado aos gestores maiores, para que eles mudem a qualidade da educação em nosso país, nós já estamos trabalhando nisso”, ressaltou.
Durante os debates, Simões destacou que a educação básica necessita, hoje, de uma aproximação com a pesquisa e não fique somente focada no ensino. “É essencial discutir estas boas experiências e verificar que há, hoje, a necessidade novos modelos de investimentos para produzir resultados que levem os alunos a almejarem ingressar em um curso superior, como já aconteceu com diversos alunos que passaram pelo PCE no Amazonas”, finalizou.
Dados sobre edição atual do PCE, em implementação:
– Perspectiva de apoiar 230 projetos (90 em escolas estaduais da capital; 50 em escolas municipais da capital e mais 90 em escolas estaduais do interior do Estado).
– Meta de oferecer 1.610 bolsas (1.150 bolsas para alunos, no valor individual de R$ 120,00; 460 bolsas para professores e coordenadores, no valor de R$ 461,00 e de apoio técnico, no valor de R$ 360,00;
– Destinar, para cada projeto, Auxílio-Pesquisa de até R$ 4.840,00.
– Valor de investimento em 2010: Mais de R$ 3,3 milhões, sendo: R$ 1,5 milhões da FAPEAM, R$ 1,3 milhões da Seduc e R$ 500 mil da Semed.
Foto 1 – Participantes leem revista especial do PCE (Foto: Ulysses Varela)
Foto 2 – Alunos apresentam resultado de pesquisa em Manaus (Foto: Ricardo Oliveira)
Ulysses Varela – Agência Fapeam