Programa da FAPEAM viabiliza pesquisa sobre insetos aquáticos da Amazônia


22/03/2012 – Um estudo coordenado pela pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Neusa Hamada, fez um levantamento das espécies de insetos aquáticos no Estado do Amazonas, usando como base as áreas de taxonomia, biologia e ecologia como forma de aprimorar o conhecimento científico sobre essas espécies da fauna que, muitas vezes, passam despercebidas pelo homem. A entomologista explicou que, por meio dos estudos, foi possível identificar uma grande quantidade de insetos importantes para o equilíbrio do meio ambiente e para a preservação da saúde humana.

Intitulada ‘Insetos aquáticos: biodiversidade, ferramentas ambientais e a popularização da ciência para melhoria da qualidade de vida humana no Estado do Amazonas’, a pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência em Ciência e Tecnologia (Pronex), que é fomentado pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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A equipe, formada por pesquisadores de diversas universidades do País e por estudantes de graduação, pós-graduação e técnicos, trabalhou na coleta de insetos em igarapés dos municípios de Novo Airão, Manacapuru, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo, Iranduba e Manaus.

A pesquisa, de acordo com a entomologista, garantiu a capacitação de recursos humanos qualificados na área de taxonomia e ecologia de insetos aquáticos. “O projeto garantiu a formação de profissionais com qualificação e conhecimento especializados na realidade local, isso aconteceu por meio de orientação para alunos de graduação, de pós-graduação, técnicos e outros profissionais envolvidos durante todo o processo, que teve 17 alunos de doutorado, onde três finalizaram e os demais continuam com suas pesquisas, e 16 alunos de mestrado, sendo que oito concluíram e os demais também prosseguem com suas análises”, salientou.

Segundo a pesquisadora, a preservação dos sistemas aquáticos é de fundamental importância para garantir a sustentabilidade dos recursos naturais utilizados pelo homem e o conhecimento da fauna de insetos aquáticos é indispensável para uma melhor compreensão e preservação desses sistemas. “A maioria das pessoas não faz ideia da importância desses insetos para a manutenção do meio ambiente, tais como processamento e reciclagem de nutrientes e o fato de eles servirem de alimento para peixes que são consumidos por nós”.

Resultados

Como fruto do levantamento realizado, um livro será publicado e isso será extremamente importante para a área que, segundo Hamada, é desprovida de literatura adequada à realidade local. “Não deu tempo de finalizar o livro, mas já estamos produzindo e, até o final deste ano, estaremos com ele pronto. Isso vai ser de grande importância, pois são informações sobre os nossos bichos e adequadas à nossa realidade, pois toda a literatura que temos para identificação de insetos aquáticos da região é produzida na América do Norte ou em outros países da América do Sul. Porém, muitos insetos que ocorrem aqui não ocorrem em outros ambientes. Isso vai ser importante para nossas estratégias de conservação”, ressaltou.

O projeto também rendeu bons frutos na aplicação do conhecimento adquirido à formação de recursos humanos e disseminação e popularização da ciência. “Essa parte da popularização da ciência foi muito gratificante, pois esse é um dos maiores desafios de um cientista: transmitir para a sociedade o conhecimento adquirido de forma simples, de maneira que as pessoas entendam”, declarou Hamada.

Outra aplicação prática do conhecimento sobre os insetos aquáticos está na área da medicina forense.  “A entomologia forense utiliza conhecimentos sobre a biologia, taxonomia, sazonalidade e dinâmica de populações de insetos envolvidos no processo de decomposição animal. Essas informações são necessárias para calcular o intervalo pós-morte. Essa área da ciência é pouco estudada no Brasil e, até o momento, as pesquisas têm sido realizadas principalmente em ambiente terrestre, sendo poucos os trabalhos desenvolvidos em ambientes aquáticos”, afirmou.

Sobre o Pronex

Esse programa, desenvolvido em parceria com o CNPq, consiste em apoiar, com recursos financeiros, grupos de alta competência que tenham liderança e papel nucleador no setor de atuação em ciência e tecnologia no Amazonas.

Rosilene Corrêa – Agência FAPEAM

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