Projeto de transferência tecnológica fortalece aquicultura no interior do Amazonas
Projeto de pesquisa conta com a participação de 40 técnicos distribuídos em 21 municípios do Amazonas
Piscicultores de 21 municípios do interior do Amazonas estão recebendo a visita de 40 técnicos do governo do Estado responsáveis pela difusão de tecnologias de aquicultura para fortalecimento do setor aquícola. A ação faz parte de um projeto de pesquisa desenvolvido com apoio do governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), para transferência de informações técnicas e científicas sobre boas práticas de manejo de viveiro para piscicultores e produtores rurais.
O projeto é baseado no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão como mecanismo de fortalecimento do setor aquícola do Amazonas. De acordo com o coordenador do estudo, Jackson Pantoja, o processo de difusão de tecnologias da aquicultura se dá por meio de visitas em campo, ministração de cursos rápidos e unidades de observação nas próprias fazendas dos piscicultores.
“O bolsista primeiramente realiza um diagnóstico minucioso da situação de cada propriedade e dos sistemas de cultivo existentes. Após isso, as informações são armazenadas em um banco de dados online para contribuir com as análises do projeto e formulação de políticas públicas. Terminado o diagnóstico, o bolsista realiza o atendimento das demandas dos piscicultores. Entre as atividades realizadas podemos destacar: difusão de técnica de manejo do viveiro, manejo alimentar como biometria dos peixes e arraçoamento versus biomassa de peixes”, disse Pantoja.
Como o projeto de transferência tecnológica fortalece aquicultura no interior do Amazonas?

Dos piscicultores beneficiados, 1,2 mil possuíam algum tipo de manejo de peixe em suas propriedades.
Até o momento, já foram capacitados 2,4 mil produtores rurais. Segundo o pesquisador, desse total, cerca de 1,2 mil possuíam algum tipo de manejo relacionado à piscicultura em suas propriedades. O projeto de transferência tecnológica que fortalece aquicultura no interior do Amazonas é desenvolvido com apoio do governo do Estado, via Fapeam, em parceria com as Secretarias de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEPLAN-CTI/AM) e Estadual de Produção Rural (Sepror).
Doutor em Ecologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), ele ressaltou a importância do estudo para o fortalecimento do setor, especialmente no interior do Estado.
“Os produtores atendidos com este projeto, em sua maioria, são produtores que nunca haviam sido atendidos pelo sistema oficial de extensão rural, ou seja, uma nova demanda para o Estado ao final do projeto em 2016. Além disso, o projeto está capacitando os produtores em suas propriedades, o que conhecemos popularmente como o “aprender o fazer, fazendo”. Certamente essa ação trará impactos positivos em formação de mão de obra para atuar em um setor que está em ampla expansão”, explicou.
Além disso, conforme o pesquisador, os bolsistas atuam em parceria com demais projetos de pesquisa do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) e instituições parceiras, realizando análises de qualidade de água e investigação parasitária, o que, em alguns casos, pode ocasionar a perda completa da produção.

Uma segunda abordagem científica é que a atividade também contribui, indiretamente, para a redução dos esforços de pesca sobre os estoques naturais de peixes.
O pesquisador destacou ainda a importância das boas práticas de manejo para a preservação das espécies. Para ele, a piscicultura tem um papel importante na produção de alimentos. Entretanto, uma segunda abordagem científica é que a atividade também contribui, indiretamente, para a redução dos esforços de pesca sobre os estoques naturais de peixes.
“No Amazonas, sabemos que os estoques de tambaqui apresentam sinais de declínio há quase três décadas. Diante deste cenário, avalio que a piscicultura tem contribuído para suprir a demanda desta espécie de pescado na mesa do consumidor e ajudado na conservação do tambaqui. Aliado a isso, a piscicultura de tambaqui tem colocado um produto mais acessível para a população local, pois a baixa oferta de peixes nativos tem elevado o preço do “tambaqui de rio” a valores estratosféricos, com um peixe de 15 a 20 quilos chegando a custar de R$ 300 a R$ 400”, disse o pesquisador.
Esterffany Martins / Agência Fapeam
Fotos: Acervo do pesquisador
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