Radioterapia na cabeça e pescoço pode causar infecções oportunistas

O estudo demonstra a importância do acompanhamento odontológico em pacientes que se submetem ao tratamento radioterápico (Imagem: Reprodução)
07/08/2013 – Pacientes que fazem tratamento com radioterapia (radiação para tratamento de câncer) na cabeça e pescoço têm mais chances de contrair algum tipo de infecção oportunista. A mais comum é a candidíase, uma espécie de infecção causada por fungos da membrana mucosa da boca e da língua. Foi o que apontou um estudo desenvolvido na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon/AM). Os resultados da pesquisa serão apresentados durante a II Jornada Científica da FCecon, que acontece nesta quinta e sexta-feira (08 e 09/8), no auditório da própria Fundação.
Siga a FAPEAM no Twitter e acompanhe também no Facebook
Intitulada ‘Estudo epidemiológico de infecções oportunistas na cavidade bucal de pacientes em tratamento radioterápico na região de cabeça e pescoço na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (Fcecon-AM)’, a pesquisa teve início em 2010. O projeto recebeu apoio do Governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic),
A pesquisa foi realizada por Victor Bernardes Barroso, formado em Odontologia pelo Centro Universitário do Norte (Uninorte), sob a orientação da pesquisadora da FCecon Lia Mizobe Ono. Ele explicou que a literatura também aponta que a principal infecção oportunista durante o tratamento com radioterapia é a candidíase, seguida pela herpes simples tipo I. Por este motivo, a pesquisa tinha a proposta de descrever a frequência e identificar as principais infecções oportunistas.
“Constatamos exatamente o que a literatura aponta. O estudo demonstrou que 22% dos pacientes que participaram da pesquisa desenvolveram candidíase durante a radioterapia. O quadro está associado, em sua maioria, à xerostomia (diminuição do fluxo salivar, que deixa a boca seca)”, disse o pesquisador.
Acompanhamento odontológico
O levantamento foi feito nos turnos matutino, vespertino e noturno, tendo em vista a disponibilidade dos 25 pacientes envolvidos. Foram ouvidas pessoas do sexo masculino e do feminino portadoras de neoplasias malignas, que acometessem as regiões da boca, base da língua, língua e assoalho da boca. Outras partes da boca também precisariam ser acometidas, como glândula parótida, glândula submandibular, amígdala, orofaringe, nasofaringe, seio piriforme e laringe.
De acordo com Costa, os pacientes envolvidos na pesquisa tinham que estar sob tratamento radioterápico exclusivo e sem uso de nenhum medicamento. As variáveis envolviam: gênero; raça; idade; tempo de tratamento; hábitos nocivos; uso de prótese; doenças sistêmicas; local das manifestações e gravidade das infecções encontradas.
“O estudo demonstra a importância do acompanhamento odontológico em pacientes que se submetem ao tratamento radioterápico na região de cabeça e pescoço. Muitas vezes, esses pacientes podem desenvolver certas complicações, que por sua vez podem dificultar e, dependendo de sua gravidade, até inviabilizar o tratamento oncológico”, alertou.
Apoio da FAPEAM
Para o pesquisador, a FAPEAM tem contribuído de forma decisiva na formação e no amadurecimento do estudante pesquisador, além de possibilitar a oportunidade de ingressar em novos cursos em renomadas instituições de ensino e pesquisa.
“Por meio do programa, hoje estou como aluno especial do curso de mestrado em Biopatologia, pagando o módulo de diagnóstico bucal I, II e III, na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Quando recebi o convite, que foi seguido por uma carta de aceite com o cronograma de uma nova rotina acadêmica, fiquei muito feliz porque meu trabalho tinha gerado bons frutos e tinha me dado a oportunidade de uma nova vida, sendo ela pessoal, acadêmica e profissional”, comemorou.
Sobre o Paic
O Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic) apoia, com recursos financeiros e bolsas institucionais, estudantes de graduação interessados no desenvolvimento de pesquisa em instituições públicas e privadas do Amazonas.
Fonte: Rosa Doval – Agência FAPEAM