Rede Internacional de Colaboração Científica estuda bacia do Madeira
25/10/2012 – Pesquisadores do Brasil, Bolívia e Peru estão empenhados na criação de uma rede internacional de informação sobre a bacia do Rio Madeira. As discussões para criação da rede contam com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio à Realização de Eventos Científicos e Tecnológicos no Estado do Amazonas (Parev).
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De acordo com os pesquisadores envolvidos, a rede de dados sobre a ictiofauna do Rio Madeira terá o objetivo de oferecer suporte para a pesquisa em mesoescala naquela região e os resultados advindos dessa colaboração poderão oferecer informações para subsidiar ações de políticas públicas sustentáveis para aquela região.
Segundo a doutora em Biologia de Água Doce e professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Gislene Torrente Vilara, existe uma necessidade urgente de analisar o sistema do Rio Madeira como um todo, sua biodiversidade e funcionalidade, bem como mensurar o valor económico dos recursos pesqueiros para a região. “As interferências provocadas pelo homem dentro do sistema, seja no Brasil ou na Bolívia, podem influenciar toda a dinâmica da bacia”, afirmou a pesquisadora.
Para a Vilara, a ciência deve atravessar fronteiras, sobretudo, quando se trata de estudar um dos maiores rios da Amazônia, no qual estão sendo construídos dois grandes empreendimentos hidrelétricos: Jirau e Santo Antônio.
“A Santo Antônio Energia (SAE), formada pelo convênio Furnas e Odebrecht, vem subsidiando pesquisas no Rio Madeira desde 2003, quando iniciou o estudo de viabilidade dos empreendimentos na bacia. Na Bolívia, onde a bacia do Rio Madeira vem sendo estudada desde os anos 1980, há uma participação de pesquisadores franceses, do convênio Orstom e atualmente, a presença do IRD tem fomentado um importante conjunto de dados para a pesquisa no alto Rio Madeira, na Bolívia e Peru”, explicou a professora.
Avanços
A diretora do Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de Rondônia, Carolina Dória e coordenadora-geral dos estudos em território brasileiro, destacou a importância do avanço das pesquisas na bacia, que tem sofrido com a descaracterização ambiental desde os anos 1980 com a exploração de garimpos. “Esta visão da bacia é fundamental para mensurar adequadamente os impactos pretéritos e atuais das represas”, reforçou Dória.
Os cientistas bolivianos do Instituto de Investigaciones Aplicadas de los Recursos del Agua (Faunagua) e da Union Labor Retirement Association (Ulra), estudam as partes altas da bacia dos rios Mamoré, Iténez (Guaporé) e Beni (na Bolívia), em conjunto com os pesquisadores do Institut de Recherche pour le Développement (IRD).
“Há anos estamos coletando dados, cada um de um lado da bacia; agora, a criação da rede científica permitirá um monitoramento mais completo dos impactos sobre a ictiofauna e a pesca nos três países”, explicou o diretor do Instituto Faunagua, Dr. Paul Van Damme, defensor de que os “dados científicos são cruciais para informar aos responsáveis políticos sobre os possíveis impactos da implementação de novas represas no futuro”, finalizou.
O Rio Madeira
O Rio Madeira, é, juntamente com o Rio Negro, considerado um dos principais afluentes do Rio Amazonas. O curso com nascente situada na Cordilheiras dos Andes onde é denominado como Rio Urubamba, no Peru, atravessa a Bolívia onde é reconhecido como Rio Beni e percorre cerca de 1.500 quilômetros antes de desaguar no Rio Amazonas, reconhecido como Rio Madeira desde a expedição de Pedro Teixeira, no século 19.
A ictiofauna do Rio Madeira tem sido mensurada e já ultrapassa 900 espécies de peixes, parte das espécies importantes como fonte de proteína para a população ribeirinha e base econômica da região.
Sobre o Parev
A discussões sobre a rede aconteceram em Manaus durante o 1º workshop sobre a Rede de Informação da Ictiofauna da Bacia do Rio Madeira, evento integrado ao Programa de Apoio à Realização de Eventos Científicos e Tecnológicos no Estado do Amazonas (Parev) que consiste em apoiar, com recursos financeiros, a realização de eventos científicos e tecnológicos no Estado do Amazonas.
Sebastião Alves – Agência FAPEAM