Rede Malária: conheça os projetos aprovados no AM


Os pesquisadores Wanderli Pedro Tadei, vice-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e Graça Alecrim, da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), integram o time de pesquisadores contemplados na primeira chamada do Subprograma Temático do Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência (Pronex-Rede Malária), a Rede de Pesquisa em Malária.

O resultado foi divulgado na última quarta-feira (30/9), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e contemplou 16 pesquisadores dos mais produtivos no estudo do mosquito no Brasil, que agora vão dividir recursos da ordem de R$ 15 milhões.

A Rede Malária surgiu de iniciativa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e resultou de convênio firmado entre Governo do Estado do Amazonas, via Fapeam, Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), via Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Saúde (MS), via Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit), e as FAPs do Maranhão, Pará, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Mudanças climáticas e inseticidas

Dentre os parceiros que participam da sub-rede formada pelo projeto coordenado por Wanderli Tadei na Rede Malária estão pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade Estadual de Campinas, via Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Fundação de Vigilância Sanitária (FVS) e da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM).

O foco de Tadei recai sobre os aspectos entomológicos da malária e objetiva detectar em campo os efeitos das mudanças climáticas no âmbito da doença na Amazônia. Visa também estabelecer o status quo da resistência dos mosquitos a inseticidas. De acordo com ele, o grupo da Unicamp auxiliará na avaliação, via aportes de nanotecnologia, do aumento no tempo de eficiência de repelentes para Amazônia.

Com relação às mudanças climáticas, Tadei explica que serão estudados os efeitos das alterações ambientais globais no ciclo hidrológico da Amazônia, cuja vazante dura quatro meses e a enchente oito meses.

“O ciclo hidrológico comanda a malária, pois conforme as águas sobem se formam os ciclos de reprodução da malária, Se as mudanças climáticas influenciam na mudança do regime das águas, também influenciarão no ciclo da malária. Daí, com essas alterações, a população do mosquito se reproduz mais cedo do que o previsto, e isso acarreta em mais tempo de exposição”, enfatizou o pesquisador.

Na execução da proposta, a Ufam atuará no projeto por meio de ações coordenadas por Spartaco Astolfi Filho, professor titular de Biotecnologia da Ufam, onde dirige o Centro de Apoio Multidisciplinar, participa da Coordenação do Programa Multi-Institucional de Pós-Graduação em Biotecnologia e coordena a Rede da Amazônia Legal de Pesquisas Genômicas (RealGena).

A FMT-AM avaliará aspectos da doença junto à sociedade, de acordo com ênfase em ações de pesquisadores. A Unicamp trabalhará a nanotecnologia e a prospecção de novas substância com atividades inseticidas, tendo em vista potencializar a geração de novos produtos que possam combater de modo mais eficaz a ação dos vetores.

O Inpa, por sua vez, atuará no sentido de avaliar as correlações entre as alterações ambientais globais e o aumento da resistência dos mosquitos a repelentes, além da associação sugerida entre a mudança no ciclo hidrológico na Amazônia e a modificação nas “estações de pico” de malária no bioma.

Resistência molecular

O projeto de Graça Alecrim tem âmbito global e ênfase na resistência molecular dos parasitas em busca de uma melhor compreensão da malária. Além disso, também haverá estudos sobre a resistência terapêutica às drogas, inclusive em nível molecular. “A intenção do projeto é a busca pelo controle efetivo da malária e a diminuição no número de casos da doença”, explicou Alecrim.

Encabeçado pela FMT, o projeto vai gerenciar uma rede que inclui o Estado do Amapá, juntamente com a Secretaria Estadual de Saúde, que deve realizar os estudos clínicos; o Estado do Mato Grosso, em parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso, que terá ênfase nos estudos terapêuticos; o Estado do Pará, com a Universidade Federal do Pará, que estudará o nível de efetividade das drogas no parasita; o Estado do Maranhão, com a Universidade Federal do Maranhão, que desenvolverá as pesquisas clínicas e terapêuticas e o Estado do Amazonas, com o Centro Universitário Nilton Lins, que realizará as pesquisas em biologia molecular.

As expectativas da pesquisadora são as melhores, ela destaca a importância do apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). “É importante o grande apoio da Fapeam na articulação com as outras FAPs para a criação da Rede Malária”, disse.

Alecrim também ressalta que a Rede de Pesquisa em Malária terá a preocupação na transferência de tecnologia entre as instituições, além do foco na formação de recursos humanos, já que o projeto prevê o desenvolvimento de uma série de dissertações de mestrado e doutorado.

Não é a primeira rede de pesquisas que Alecrim coordena. A pesquisadora já coordenou uma pesquisa do Ministério da Saúde intitulada RAVREDA (Rede Amazônica de Vigilância da Resistência às Drogas Antimaláricas), que estudou a resistência às drogas antimaláricas na Amazônia como um todo, envolvendo diversos Estados e países. Na oportunidade ela foi responsável pelos Estados do Amazonas e Rondônia.

 

Gustavo Soranz e Renan Albuquerque – Agência Fapeam

(colaboração Janaina Karla)

 

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