SBPC vai continuar com foco na Amazônia


A Amazônia vai continuar sendo o foco da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e até 2011 o Estado do Amazonas deverá duplicar as atividades voltadas para ciência, tecnologia e inovação. Essas são as principais projeções da SBPC para o Estado do Amazonas.

"Nossa meta é duplicar o número de pessoas e instituições envolvidas com ciência, tecnologia e inovação no Amazonas. A meta é ambiciosa, mas temos condições de fazer isso porque o sistema brasileiro de pós-graduação produz 12 mil doutores por ano. Existe então condições de alimentar esse crescimento", destacou o presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp, durante a coletiva de imprensa sobre o balanço final da 61ª Reunião Anual da SBPC, em Manaus, na sexta-feira (17/7).

Para tanto, conforme Raupp, a SBPC estará batalhando junto ao governo federal e ao congresso nacional para expandir o volume de investimentos na Amazônia, com o objetivo de ampliar as atividades de instituições federais nos estados da região, bem como expandir as universidades e se possível implantar novas instituições de ensino superior. "Não chegamos aqui e estamos indo embora. Essa parceria aqui vai continuar", frisou Raupp.

Sobre o evento, o secretário de Ciência e Tecnologia do Amazonas, José Aldemir Oliveira, avaliou que há aspectos que podem ser medidos e outros não, entre eles, a capacidade de realização dos vários sujeitos envolvidos no evento e a forma didática de explicar o complexo científico numa linguagem acessível à população. "Uma boa parte dessas 10 mil pessoas, que por aqui passaram, são pessoas simples, do povo, que passam a olhar com outro olhar ciência e tecnologia", afirmou.

Além disso, Oliveira deu ênfase à capacidade de integração e empenho das instituições locais de ensino e pesquisa para a realização deste evento. Entre os aspectos a serem medidos, o titular da Sect disse que a passagem de vários dirigentes pela SBPC e, em especial, de dois ministros (o de Ciência e Tecnologia e o de Meio Ambiente), impactou de forma positiva para impulsionar investimentos na área. "Estamos em negociação para ampliação da nossa capacidade de conexão das instituições de pesquisa e ensino, localizada no Estado do Amazonas, que é uma das menores do Brasil. "Vamos mudar esse quadro", garantiu.

O diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Odenildo Sena, disse que está bastante entusiasmado com os resultados da 61ª reunião da SBPC, que superaram todas as expectativas. "A Amazônia e o Estado do Amazonas não serão os mesmos depois dessa reunião aqui. O meu apelo é para que, doravante, a SBPC não afrouxe esses laços de parceria com as instituições locais, mas que eles se tornem permanentes, a fim de que se continue falando muito da Amazônia e que essa preocupação, que essas vozes, se traduzam em ações efetivas para a Amazônia", declarou.

A reitora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Márcia Perales, ratificou a importância do evento para a reflexão e as decisões sobre a necessidade de continuar capacitando e fixando os recursos humanos no Amazonas. "O tema que foi trabalhado na nossa reunião, "Amazônia, Ciência e Cultura", é mais um passo importante para que vejamos uma Amazônia brasileira mais suficientemente protegida para poder continuar desenvolvendo ações nos âmbitos social, político e ambiental. É mais um passo em direção a esse olhar da Amazônia e não apenas à biodiversidade, mas voltado aos recursos humanos e às nossa populações", frisou.

Na avaliação da reitora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Marilene Corrêa, a presença de 180 cidades nesta reunião, e com um diferencial promovido pela força institucional conjunta pela regional de Tabatinga e pela regional de Oriximiná, levou a uma participação massiva de trabalhos científicos vindos do interior do Estado. No balanço final da SBPC, Corrêa mostrou que foram feitas 87 inscrições da apresentações de trabalhos vindas de Tefé; 141 de Parintins; 42 de Tabatinga e 35 de Benjamim Constant. Para ela, isso dá uma ideia do papel da universidade como formadora de recursos humanos e da introdução das linguagens do conhecimento científico.

"A presença dos pesquisadores como sujeitos que pensam a ciência, que pensam no Brasil, que pensam nesse compromisso da ciência com a Amazônia é muito importante quando eles mesmos conseguem convencer os audientes e conseguem convencer as crianças que esse diálogo entre a ciência e a cultura é diálogo não só fundamental, mas estruturante", avaliou.

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Val, falou da discussão sobre a ciência de "igual para igual" com pesquisadores de todos os Estados brasileiros. Segundo ele, ficou claro, durante as exposições, que não há espaço para imobilidade no que se refere à Amazônia. "Temos as informações, precisamos de mais informações é verdade, mas nós temos as informações que já permitem, informações seguras em direção ao desenvolvimento da floresta em pé", assegurou.

Para o diretor do Inpa, a interação com grupos de pesquisa de países vizinhos que vieram em busca de projetos apresentados por pesquisadores locais foi considerado um contato extremamente importante para a Amazônia. Além disso, vários anúncios de importância para o desenvolvimento da ciência, feitos pelos ministros Sérgio Rezende e Minc, foram considerados como destaques nessa reunião. "Mas o mais importante que isso foi a interação com a sociedade, levando as informações que são produzidas nos laboratórios, mas conhecendo as demandas por novas informações dessa sociedade", avaliou.

Próxima reunião
Os números da 61ª Reunião Anual da SBPC surpreenderam e superaram todas as expectativas. De 12 a 17 de julho, o maior evento científico nacional atraiu em torno de 15 mil pessoas por dia, de 180 cidades de todos os Estados do país, para o Amazonas. Todos com o mesmo propósito de discutir e interagir sobre ciência e cultura na Amazônia. Ao todo foram 960 conferencistas de todo país e 1.830 inscritos participando de 45 minicursos oferecidos durante a programação, considerado um volume significativo em relação a outras edições.

O presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp, informou que a próxima reunião da SBPC, em 2010, ainda não está definida, mas que Natal, no Rio Grande do Norte, é forte candidata. A temática da 62ª reunião já está sendo discutida e deverá abordar a temática da Ciência e do Mar, envolvendo a discussão sobre temas polêmicos como a exploração do pré-sal.
 

Cristiane Barbosa – Agência Fapeam

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