Semana de C&T quer popularizar conhecimento científico
“O grande objetivo é mostrar que a ciência tem importância no dia-a-dia das pessoas, no cotidiano das pessoas. E também mostrar para a sociedade que a atividade científica não é algo restrito às quatro paredes dos laboratórios dos institutos de pesquisa e das universidades”, disse Oliveira.
Para garantir essa aproximação, dezenas de instituições de pesquisa montaram stands no Studio 5, num espaço batizado de Estação Ciência. A exposição de pesquisas desenvolvidas em instituições como Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), entre outras, fica aberta à visitação pública de 8h às 20h até a próxima sexta-feira.
Na cerimônia de abertura da semana, o secretário Aldemir de Oliveira destacou que a pesquisa científica tem interferência direta na vida das pessoas, mas nem sempre a sociedade toma conhecimento desse processo. “Tem a ver com o nosso dia-a-dia porque tem a ver com os remédios que compramos, com os procedimentos clínicos, com os recursos usados nas telecomunicações, no esporte…”. Como é o cidadão que financia a ciência, Oliveira defende a necessidade de ele conhecer o processo de produção do conhecimento científico. “Uma atividade como essa é uma retribuição da comunidade científica à sociedade, mostrando a quem financia a pesquisa os resultados dela, como elas são feitas”.
Para o diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Odenildo Sena, o que se desenvolve de ciência e tecnologia acaba ficando muito restrito às instituições de pesquisa. “Cria-se a sensação de que o que se desenvolve em determinadas áreas é algo exclusivo da elite, e não é. Não faz nenhum sentido desenvolvimento de pesquisa que não tenha repercussão na vida da sociedade”, disse.
Um evento como a Semana de Ciência e Tecnologia, na avaliação de Sena, possibilita que a sociedade se aproxime dos cientistas e dos produtos gerados a partir dessas pesquisas. “Isso faz com que se crie o que eu chamo de cumplicidade entre ciência e a sociedade. E todo mundo lucra com isso, inclusive nós que trabalhamos com ciência porque passamos a ter o aval e a compreensão da sociedade para o que estamos fazendo”, disse.
Sena considera natural que haja distanciamento entre ciência e sociedade, porque o pesquisador é preparado para desenvolver suas atividades de pesquisa e não para difundir o que produz. Cabe, segundo o presidente da Fapeam, a um setor intermediário, que ele chama de difusão da ciência, traduzir o conhecimento produzido nas instituições de pesquisa e oferecer essas informações à sociedade.
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Ufam, Altigran Soares da Silva, avalia como um problema da sociedade e não das instituições ou da população o distanciamento entre ciência e sociedade. “Quando se pensa em Universidade, o público em geral pensa no ensino de graduação. Meu filho vai formar para arrumar um bom emprego, sobreviver com os recursos que adquirir a partir daí, e essa é uma mentalidade que a gente precisa mudar”, afirmou.
Ao pensar na Universidade como simples instituição de ensino, segundo Altigran, a sociedade aproveita muito pouco do que as instituições de pesquisa têm a oferecer. “Na Ufam, na UEA e no Inpa tem cem números de produtos tecnológicos, de pesquisa, de conhecimentos gerados por essas instituições que a sociedade às vezes demora a se apropriar disso, a transformar em benefícios sociais”.
O problema, segundo Altigran, está na educação. “A saída é simples, conhecida, mas ninguém consegue implementar: a educação. Iniciativa como essa (a Semana de Ciência e Tecnologia) ajuda, mas não adianta a gente pensar que no próximo ano estará diferente. Isso só vai ser resolvido nos próximos 20 anos, se trabalharmos sempre na base, buscando visualizar o futuro”.
Para a reitora da UEA, Marilene Corrêa da Silva Freitas, já há uma mudança significativa na relação ciência-sociedade. A prova disso é o aumento da participação dos municípios brasileiros na Semana de Ciência e Tecnologia. “No primeiro ano da Semana, 2 mil municípios participaram. No ano passado, 5,8 mil municípios participaram, ou seja, quase a totalidade dos municípios brasileiros”.
Marilene Corrêa considera a Semana de Ciência e Tecnologia um trabalho estruturante de novos arranjos, de novas formas de desenvolvimento e de novas formas de sociabilidade. “É importante a gente ver isso com a maior clareza, mas nem sempre essa clareza é perceptível no conjunto da população”.
Valmir Lima – Agência Fapeam
Foto: Caio Mota