Software ajuda a restaurar imagens subaquáticas de rios amazônicos


Quem nunca mergulhou no Rio Negro ou em qualquer outro rio de águas escuras da Amazônia e abriu os olhos, para tentar ver o que há embaixo da água? Com certeza, muitos. Entretanto, o motivo de não conseguirmos enxergar nada está associado às propriedades do ambiente que impossibilitam a visualização, como a ausência ou o baixo contraste da luz.

/“As imagens adquiridas em ambientes submersos sofrem com as dificuldades impostas pelo baixo contraste da luz. E por causa da turbidez da água, não podemos ver os objetos no fundo dos rios e igarapés. Isso influencia negativamente na qualidade das imagens”, afirmou José Pinheiro, doutor em ciências da computação e professor pesquisador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam).

Contudo, o problema da captura de imagens aquáticas nos rios amazônicos pode estar com os dias contados. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PIPT), a equipe de Pinheiro desenvolveu programas computacionais e aplicativos para tratar as imagens e transmiti-las por uma rede sem fio no âmbito do projeto “Restauração de imagens subaquáticas adquiridas nos rios da Amazônia e ambientes similares”.  

Segundo ele, a questão é que as águas dos rios da Amazônia são mais escuras quando comparadas com outras localidades. “Filmar em uma piscina ou mesmo no oceano é fácil: as águas são mais claras. No Rio Negro é diferente, e o nosso trabalho veio para solucionar o problema”, assegurou.

O software utiliza um processo automático de restauração, que resulta numa imagem onde os efeitos de degradação, provenientes do meio, são corrigidos. Com isso, é possível seu uso em programas clássicos de visão ou processamento de imagens.

/Para chegar ao programa, Pinheiro usou uma câmera digital especial, capaz de filmar até 3 metros de profundidade. Durante as pesquisas de campo, ele notou o quanto é difícil identificar os objetos submersos.

No fundo dos rios, ele criou cenários com cores vibrantes ou usou o próprio cenário natural para fazer captura. Logo após, as imagens foram lançadas nos sistemas e os resultados foram satisfatórios. “A qualidade melhorou o suficiente para conseguirmos identificar as imagens”, garantiu.

De acordo com Pinheiro, esse processo é importante, porque vai ajudar os pesquisadores a localizarem, com rapidez e eficiência, as espécies de vegetais e de animais aquáticos, além de ser possível fazer novas descobertas. “O bom do processo é que ele não precisa de equipamentos como refletores, que espantam os animais. É um procedimento simples e sem risco”, salientou.

Foto 1 – Rio Negro, com água escura (Divulgação)

Foto 2 –  Imagem do Encontro das Águas em Manaus (Divulgação)

Kelly Melo e Luís Mansuêto – Agência Fapeam

 

 

 

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