Software promete ajudar na obtenção de ISO 9000
Criado pela empresa WHG Engenharia e Consultoria Ltda, programa foi desenvolvido com recursos técnicos e financeiros da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam)
Um programa de computador que promete ajudar as empresas do Pólo Industrial de Manaus (PIM) na obtenção da ISO 9001:2000 e a eliminar a burocracia e papelada que as Normas ISO exigem. Este é o WHG ISO Web Industrias SGI lançado, na última quinta-feira, pela empresa WHG Engenharia e Consultoria Ltda, durante workshop sobre qualidade com base nas normas NBR ISO. Realizado no Novotel, no Distrito Industrial, o evento reuniu 80 representantes de empresas do PIM.
O software é o fruto dos investimentos feitos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe I), o qual disponibilizou apoio técnico e financeiro à WHG Engenharia e Consultoria Ltda.
Segundo o diretor da WHG, Aldenir Ferreira Alencar, a maior dificuldade das empresas para obtenção da ISO está relacionada à manutenção do sistema, o que exige um grande esforço institucional, além de outras dificuldades. “É funcionário que sai, alterações de procedimentos, normas que se perdem ao longo dos anos e ninguém faz as atualizações. Por isso, desenvolvemos uma forma de suporte que estamos chamando de ‘médico da qualidade’. Ou seja, cuidamos do sistema do empresário usando as ferramentas do software de uma forma preventiva”, explicou.
Alencar disse que a idéia de desenvolver o sistema surgiu quando estava fazendo o doutorado. Na época, estudou um assunto chamado “Competência Essencial”, que o motivou a aplicá-lo em sua empresa. “É algo que sua empresa faz e o concorrente precisa ter tempo e dinheiro para fazer o mesmo. Foi quando visualizei o software como opção. O primeiro passo foi aplicá-lo no planejamento estratégico da empresa para iniciar o processo de desenvolvimento do programa”, ressaltou. Ele acrescentou que foram investidos R$ 600 mil no software, sendo R$ 200 mil da Fapeam e R$ 400 mil da própria empresa, ao longo de quatro anos.
“Hoje, há 45 empresas em Manaus utilizando o sistema e todas já foram certificadas. Sem a Fapeam não teríamos conseguido. Esperamos continuar com o apoio para o desenvolvimento de outros programas para atender às demandas do Estado”, afirmou.
Para a diretora técnico-científica da Fapeam, Elisabete Brocki, o resultado é extremamente importante, pois o objetivo do Pappe, ao final de cada projeto apoiado, é poder gerar um novo produto. “É apenas o primeiro passo na área tecnológica. Acreditamos que outros produtos virão com a inserção de pesquisadores dentro das empresas”, disse. Ela ressaltou que será cada vez maior a aproximação com as empresas, por exemplo, possível por meio do Pappe Subvenção.
Brocki afirmou que a inserção das empresas nas pesquisas científicas é importante, mas, ainda há dificuldades, por exemplo, levar a cultura da inovação para o interior do Estado devido às dificuldades logísticas, porém, superáveis por meio de parcerias, como as firmadas recentemente com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas (Idam), e outros.
Já na capital, segundo Brocki, há o desafio de lidar com o novo, ou seja, o investimento público dentro das empresas, o que é possível superar por meio de conversas com os empresários.
Segundo o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Vicente Ferreira de Lucena Júnior, que fez a parte acadêmica do projeto, o intercâmbio com a empresa fluiu muito bem. Isso, porque Alencar tinha a idéia e Lucena, o conhecimento de desenvolvimento de software.
“A inserção da academia na empresa foi tranqüila porque, na verdade, nós fizemos a parte que a academia deveria fazer: pesquisa de novas tecnologias; identificação e levar para campo as possibilidades de uso. Juntamente com o professor Lucena, nós identificamos quais tecnologias seriam apropriadas para uso. Foi a junção do conhecimento técnico prático com o teórico”, explicou.
Pappe Subvenção
O Programa PAPPE visa aprimorar a cadeia produtiva em Ciência e Tecnologia (C&T), possibilitando mais patentes, registros e processos, possibilitando a geração de emprego e renda. Para isso, financia projetos que apresentem inovações tecnológicas em produtos, processos ou serviços oferecidos por empresas, incubadoras ou consórcios empresariais instalados no estado. O recurso, não-reembolsável, não vai para o pesquisador, mas sim para a empresa, diferente do edital anterior, que priorizava pesquisadores associados a empresas.
Segundo a Lei de n.º 10.973, de 02/12/2004, a Subvenção Econômica é um instrumento de estímulo à inovação tecnológica nas empresas, mediante o qual a União, por intermédio das agências de fomento de ciência e tecnologia (a Fapeam, por exemplo), promove e incentiva a implementação de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico com a concessão de recursos financeiros. Em nível estadual, a subvenção é amparada pela Lei nº. 3095, de 17/11/2006.
A Subvenção Econômica atua diretamente no aumento das atividades de inovação, promovendo a competitividade das empresas e da economia do País. Essa nova modalidade de apoio financeiro permite a aplicação de recursos públicos não-reembolsáveis diretamente em empresas, para compartilhar com elas os custos e riscos inerentes a tais atividades.
Luis Mansuêto – Agência Fapeam